Folha de S.Paulo

Primeira turma do Supremo restringe foro do ministro da Agricultur­a

- -Fábio Fabrini e Letícia Casado Pedro Ladeira/Folhapress

A Polícia Federal cumpriu nesta terça (12) mandados de busca e apreensão no gabinete e nos endereços residencia­is da deputada federal Cristiane Brasil (PTBRJ). Ela é suspeita de integrar um esquema de corrupção e fraudes para a liberação de registros sindicais no Ministério do Trabalho, controlado pelo seu partido.

A investida fez parte da segunda fase da Operação Registro Espúrio. A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, pediu as medidas após a PF descobrir mensagens de celular trocadas pela congressis­ta com um dos principais investigad­os no caso, o ex-coordenado­r de Registro Sindical do Ministério do Trabalho Renato Araújo Júnior. Ele foi preso na primeira etapa da operação, em 30 de maio.

Há indícios, segundo a investigaç­ão, de que Cristiane se beneficiav­a de esquema de cobrança de propina em trodenado ca da liberação de cartas sindicais. Segundo a PGR, Araújo —alvo da primeira etapa da operação, em 30 de maio— é braço direito de Cristiane na pasta e atuaria “em conformida­de com os interesses desta”.

“Além de orientar o servidor em relação a como agir na análise de pedidos, há, inclusive, mensagens que tratam da cobrança de valores previament­e combinados”, informa a PGR.

Na petição enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), Dodge também citou mensagens de texto que fazem referência a Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e pai de Cristiane. Ele foi con- e preso no escândalo do mensalão.

Relatório da PF sustenta, com base nas mensagens, que Araújo atua para atender os pleitos de Cristiane e que ela, em troca, fornecia apoio político para a permanênci­a dele em cargos comissiona­dos.

“Cristiane Brasil integra o núcleo político da organizaçã­o criminosa, utilizando-se da força e influência de seu partido para manipular processos, favorecend­o entidades sindicais ligadas a ela”, diz documento da investigaç­ão.

No início do ano, Cristiane foi indicada para a chefia do Trabalho, mas sua posse foi barrada pela Justiça e não se concretizo­u após vir que foi condenada a pagar dívida trabalhist­a.

Os mandados desta terça foram expedidos pelo ministro do STF Edson Fachin. Além das buscas, serão impostas medidas cautelares a Cristiane. Ela ficará proibida de frequentar a pasta e de manter contato com investigad­os ou servidores do ministério.

Na primeira fase da operação, dez pessoas foram presas, entre elas o ex-secretário executivo do Trabalho Leonardo Arantes e o ex-diretor do Incra (Instituto Nacional de Colonizaçã­o e Reforma Agrária) Rogério Arantes. Eles são sobrinhos do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), também suspeito de integrar a organizaçã­o.

São investigad­os outros três integrante­s da Câmara —Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), o Paulinho da Força, Wilson Filho (PTB-GO) e Ademir Camilo (MDB-MG), este último licenciado do cargo.

Cristiane afirmou, em nota, que recebeu os procedimen­tos investigat­ivos com surpresa, pois “não tem papel” nas decisões do ministério. “Espero que as questões sejam esclarecid­as com brevidade e meu nome, limpo.”

O PTB, também por escrito, declarou que apoia o trabalho da PF e reiterou que “não participa de quaisquer negociaçõe­s espúrias no Ministério do Trabalho”.

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PF faz buscas em endereços ligados à deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ)

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