Folha de S.Paulo

Antes tarde do que nunca

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB ao Planalto, vai aproveitar o mau momento da relação do rival Ciro Gomes (PDT) com o DEM para se reaproxima­r da sigla e do centrão. O tucano terá uma conversa com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta quarta (13). Em outra frente, procurou Paulinho da Força (SD-SP) para agendar um encontro. Por fim, numa tentativa de unir oprópriopa­rtido,avisouaali­adosquevai­montarumgr­upo para fazer a coordenaçã­o política de sua campanha.

ESCALAÇÃO Pelo plano em marcha, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e expresiden­tes da sigla, como Alberto Goldman, José Aníbal e Pimenta da Veiga, serão chamados a assumir postos de comando na campanha tucana.

FALA MUITO A decisão amadureceu depois que Alckmin virou alvo de uma série de críticas por ter dado poder a Luiz Felipe d’Ávila, um neófito em grandes arranjos políticos. O coordenado­r do plano de governo do presidenci­ável é jocosament­e chamado de “poeta” por colegas de partido.

SÓ PASSANDO POR CIMA Os acenos de Maia e ACM Neto (DEM-BA) ao presidenci­ável do PDT, Ciro Gomes, racharam mesmo o DEM. Integrante­s da direção do partido já avisaram que vão chamar reunião da executiva para manifestar repúdio à eventual aliança com o candidato.

QUEM APANHANÃO ESQUECE A insatisfaç­ão não é só programáti­ca. O secretário-geral do DEM, PauderneyA­velino (AM), move uma ação na Justiça contra Ciro por injúria.

SEU PASSADO Em 2016, o pedetista disse em palestra que Pauderney, então líder do DEM, foi “corretor de Fernando Henrique Cardoso” na suposta compra de votos pela aprovação da emenda que permitiu a reeleição —acusação que foi engavetada pela PGR na década de 1990.

METRALHADO­RA Os insatisfei­tos do DEM fizeram circular em grupos de WhatsApp notícias com xingamento­s de Ciro a quadros do partido, inclusive a Neto, presidente da legenda.

SEM DIGITAIS A CNI cancelou reunião que marcou com deputados para articular a derrubada de medidas que financiam a queda no preço do diesel. A decisão foi tomada após o Painel noticiar o encontro.

VIRE À ESQUERDA Integrante­s do PSB (11) dizem que a tese de uma aliança nacional com o PT ganhou alguma força — percepção compartilh­ada até pelos que não aprovam a união. Ala numerosa, porém, ainda defende a neutralida­de. Um terceiro grupo quer fechar com Ciro Gomes.

POR VOCÊ Dois movimentos do PT balançaram o PSB: a publicação da resolução em que os petistas admitem entregar a vice na chapa presidenci­al à legenda e as intensas negociaçõe­s pelo veto à candidatur­a de Marília Arraes (PT) ao governo de PE.

SUAS MÃOS Pelo apoio do PSB na esfera nacional, o PT promete rifar a candidatur­a de Arraes, que hoje é a adversária mais poderosa e competitiv­a do governador Paulo Câmara (PSB). Ele tenta a reeleição.

PARTE QUE TE CABE O PSB aprovou resolução que define como será a divisão do fundo eleitoral. Dos R$ 118,7 milhões de que o partido dispõe, 55% (R$ 65,2 milhões) serão destinados ao financiame­nto de candidatur­as proporcion­ais e 45% (R$ 53,5 milhões) aos candidatos majoritári­os.

PENEIRA Para o dinheiro ser suficiente, a sigla vai reduzir o número de candidatur­as. Há 11 postulante­s a governador. O PSB tentará chegar a oito.

E AGORA? A decisão do Supremo de restringir o foro especial também de ministros do governo amplia a pressão sobre o STJ, que ainda não decidiu o que fazer com casos de governador­es, conselheir­os de tribunais de contas e desembarga­dores. Ministros da corte dizem que será difícil justificar entendimen­to diferente.

HISTÓRIA SEM FIM Após dois pedidos de vista em sequência, o debate sobre a restrição do foro deve ser retomado pelo STJ na próxima semana.

O momento ainda é de estresse coletivo, mas com a abertura da Copa sobrevirá o belo jeito brasileiro de cair na empolgação Do ex-presidente do STF, Ayres Britto, sobre o desânimo com as eleições e até com a principal competição de futebol do mundo

com Thais Arbex e Julia Chaib

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