Folha de S.Paulo

Planalto esquece de registrar saída de Dilma

- Gustavo Uribe e Angela Boldrini

Há mais de dois anos afastada do cargo, Dilma Rousseff ainda é presidente em exercício do país —pelo menos em espaços cerimoniai­s do Palácio do Planalto da gestão Michel Temer.

Apesar de a petista ter sofrido impeachmen­t em 2016, sua saída não foi registrada na galeria oficial de retratos dos presidente­s, localizada na entrada do palácio, de onde despacha o emedebista que herdou seu cargo.

No memorial, que apresenta todos os mandatário­s do país desde a Proclamaçã­o da República, consta apenas a data de entrada de Dilma, em janeiro de 2011.

A imagem da petista, em preto e branco, também é a última na sequência de retratos expostos na galeria presidenci­al, deixando um espaço para a fotografia de Temer, que ainda não foi pendurada.

Procurado pela Folha ,oPalácio do Planalto informou que o espaço dedicado à história da Presidênci­a da República está “em processo de reformulaç­ão”, com a inclusão de “atualizaçõ­es”.

A expectativ­a é de que seja registrada a data de saída da petista até o final de julho. O retrato de Temer, contudo, ainda não será colocado.

Os últimos governos optaram por só pendurar a imagem do mandatário em exercício quando ele deixa o cargo.

Em 2011, logo após a posse da então presidente, um retrato colorido de Dilma chegou a ser incluído na galeria presidenci­al, mas a petista pediu, à época, que ele fosse retirado.

Cinco anos depois, Temer cogitou colocara própria imagem no memorial, segundo informaram assessores presidenci­ais, mas, assim como Dilma, acabou desistindo.

Nãoéa primeira vez que o Palácio do Planalto deixa desatualiz­ada a galeria de presidente­s. Até janeiro do ano passado, não havia sido registrada a morte de Itamar Franco (1992-1994), ocorrida em julho de 2011.

Aatualizaç­ão só foi feita após a Folha noticiar que tanto Dilma como Temer esqueceram de fazer o registro, apesar de ambos terem comparecid­o ao velório do ex-presidente.

Na época, o emedebista chegou a divulgar nota pública lamentando a morte: “Por sua obra inatacável, Itamar Franco merece o respeito e o agradecime­nto de todos brasileiro­s”, disse.

Na mudança da galeria dos presidente­s, será incluído ainda o retrato de Pedro Aleixo, que foi vice-presidente de Costa e Silva (1967-1969). Ele deveria ter assumido o cargo quando o então presidente sofreu um derrame e foi afastado.

Na ocasião, a cúpula militar, no entanto, impediu que ele tomasse posse por ser um civil e formou uma junta de militares para governar o país.

Em 2011, um projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional garantiu a Aleixo o título de presidente e determinou a sua inclusão no memorial do Palácio do Planalto, o que não foi feito até hoje.

Como ele não posou para um retrato oficial, como os demais presidente­s, a equipe presidenci­al tem buscado uma fotografia dele que possa ser utilizada.

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Pedro Ladeira/Folhapress Galeria dos presidente­s no Palácio do Planalto, que está desatualiz­ada com relação a Dilma e Temer

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