Folha de S.Paulo

Masp incorpora Lygia Clark e Palatnik a acervo

Bolsa de Valores cede 66 obras em comodato ao museu, que passa a expor 25 delas a partir desta quinta-feira (14)

- -Isabella Menon Divulgação

O acervo do Masp cresceu. A partir desta quinta-feira (14), estarão disponívei­s ao público 25 novas obras de artistas brasileiro­s.

Os trabalhos, datados desde meados de 1800 até 1980, são parte das 66 obras cedidas pela B3, dona da Bolsa de Valores de São Paulo, em sistema de comodato.

Isso significa que, pelos próximos 30 anos, o museu estará responsáve­l pelas obras, podendo expô-las e emprestá-las para outras instituiçõ­es culturais do Brasil e do mundo.

É a primeira vez que o Masp incorpora em seu acervo, por exemplo, obras de Lygia Clark (1920-1988) e Ione Saldanha (1921-2001). São elas: “Caranguejo”, escultura de alumínio de Clark, e “Bambu”, acrílica sobre bambu de Saldanha.

Entre as novidades, também há uma obra em papel cartão do artista Abraham Palatnik,90, pioneiro da arte cinética no Brasil, e de Antonio Ferrigno (1863-1940), conhecido como “pintor do café”.

Também novato no museu, o inglês Edmund Pink (1790-1833) foi o artista que teve mais obras cedidas ao Masp, ao todo são 16 aquarelas só do inglês, o que representa 24% do novo acervo.

Outros que entram nessa lista são o mineiro Farnese de Andrade (1926-1996), conhecido por suas apropriaçõ­es de objetos para integrar uma obra de arte, e o paranaense Emmanuel Nassar, 69, autor de um óleo sobre tela de 1986 que integra o acervo.

Neste primeiro momento, apenas 25 obras ficarão expostas ao público no “Acervo em Transforma­ção”, e trarão uma cronologia da história da arte brasileira.

De acordo com Guilherme Giufrida, assistente curatorial do museu, isso aconteceu porque o espaço não permitiria a exposição de todas as recém-chegadas.

Além disso, algumas obras, como a pintura “Paisagem Imaginária”, de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), estão em mau estado de conservaçã­o, segundo Giufrida e Olivia Ardui, à frente da curadoria do projeto.

Para casos como o de Guignard, será necessário o restauro. Para esta, especifica­mente, será preciso o trabalho de duas pessoas, uma para a moldura e outra para restaurar a parte pictórica.

No ano em que as exposições temporária­s são dedicadas à temática Histórias AfroAtlânt­icas, o acervo em transforma­ção não está, obrigatori­amente, ligado a este tema.

Entretanto, a obra de Di Cavalcanti “Mulata/Mulher”, cedida pela Bolsa, será incorporad­a à exposição dedicada à temática na próxima exposição deste ciclo, prevista para o dia 28 de junho.

Sobre a diversidad­e de períodos e artistas apresentad­os, Giufrida afirma que “o Masp está sempre associado a obras figurativa­s, mas demos destaque também a obras abstratas”.

Em relação aos outros artistas que completa malista, mas não são novidades na instituiçã­o,eles foram escolhidos pensando em nomes que tivessem poucas obras no museu, afirmam os curadores.

É oca sode Benedito Calixto (1853-1927), expoente da pintura brasileira do século 20, e dos modernista­s Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976) e Pancetti (1902-1958).

Como contrapart­ida ao comodato, segundo Daniel Sonder, CFO da B3, o museu terá que preservar as obras e a empresa poderá utilizar o espaço do Masp para eventos com seus clientes.

“Uma obra na parede da B3 é uma obra. Em uma instituiçã­o, ela passa a fazer parte de uma narrativa”, diz Sonder sobre a migração das obras para o Masp.

Acervo em Transforma­ção

Masp, av. Paulista, 1.578. Abre nesta quinta (14). Ter. a qua. e sex. a dom., das 10h às 18h, e qui., das 10h às 20h. Até 29/7. Ingr.: R$35.

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Obra de Ernesto de Fiori que estará exposta no Masp, a partir desta quinta (14)

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