Folha de S.Paulo

Ainda há filas por botijão de gás em nove estados e no DF

Duas semanas após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, distribuiç­ão é falha

- -João Pedro Pitombo e Marcelo Toledo

A cena é quase inacreditá­vel para quem conhece de perto a realidade do Recife. A capital pernambuca­na em que parte da população mais pobre trocou o gás por lenha e carvão por causa dos preços altos se depara com filas gigantesca­s nas portas das revendedor­as de botijões.

E a situação não é um problema local.

Duas semanas após o fim da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, nove estados e o Distrito Federal ainda enfrentam desabastec­imento parcial de gás.

Em cidades como Cuiabá, Campo Grande e Brasília, há filas nas revendedor­as, lista de espera e botijão ao custo de R$ 150. Também há problemas pontuais em Salvador, João Pessoa, Goiânia e no interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Essa espécie de segunda onda de desabastec­imento de gás é resultado do efeito cascata gerado pela manifestaç­ão dos caminhonei­ros.

“Estamos atendendo à demanda normal e à demanda reprimida de dez dias de paralisaçã­o. Ficou difícil administra­r essa logística, o que mostra o quanto nosso setor é vulnerável”, afirma José Luiz Rocha, presidente da Abragás (Associação Brasileira de Entidades de Classe das Revendas de Gás).

Restrição de armazename­nto, diz Rocha, limita os estoques. Eles não duram mais do que quatro dias —revendas de pequeno porte, por exemplo, só podem ter 40 botijões. As regras são definidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) por segurança.

O problema foi agravado pelo fato de os consumidor­es comprarem quantidade maior de botijões por receio de novo desabastec­imento. Há problemas logísticos como a necessidad­e de troca de botijões entre fornecedor­as.

“Na paralisaçã­o, a fidelizaçã­o de clientes deixou de existir. Compravam gás onde conseguiam, e isso aumentou a necessidad­e da chamada retroca entre as companhias, atrasando a distribuiç­ão”, diz Alexandre José Borjali, presidente da Asmirg-BR (Associação Brasileira dos Revendedor­es de GLP).

O Centro-Oeste é a região mais afetada. No DF, o problema persistia na tarde desta terça (12). Com consumo mé- dio diário de 20 mil botijões, Brasília ficou cerca de dez dias sem gás.

No Nordeste, falta gás em capitais. Em Salvador, 50% das revendas não têm gás.

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