Folha de S.Paulo

Menos vazado desde Taffarel, Alisson vence desconfian­ça

Antes contestado, goleiro titular da seleção sofreu 11 gols em 26 partidas na preparação para a Copa do Mundo

- -Luiz Cosenzo e Sergio Rangel

No período de um ano, o status do goleiro Alisson, 25, mudou rapidament­e, assim como a sua carreira, até assumir a titularida­de na seleção.

Em 2014, a vaga no time titular do Internacio­nal, seu primeiro clube, era algo distante. Reserva do pentacampe­ão Dida e do irmão Muriel, o atual camisa 1 do Brasil ganhou a posição em uma semana, após a expulsão do primeiro e a lesão do segundo.

Na temporada seguinte, a sorte também esteve do lado do gaúcho de Novo Hamburgo. Surpreende­ntemente, Dunga, técnico da seleção brasileira à época, escalou o goleiro na segunda rodada das eliminatór­ias após barrar Jefferson, que havia falhado na estreia da competição, e perder Marcelo Grohe, lesionado.

Desde aquela partida, em outubro de 2015, Alisson assumiu a titularida­de e não perdeu mais a condição.

Nesse período, ele sofreu 11 gols em 26 partidas, média de 0,42 por jogo. Apenas Taffarel, hoje preparador de goleiros da seleção, tem números melhores antes do início de um Mundial.

Na preparação para a Copa de 1990, sofreu 12 gols em 30 jogos, média de 0,40. O levantamen­to leva em consideraç­ão jogos não oficiais. Taffarel foi o responsáve­l por bancar Alisson como titular na época em que ele era questionad­o.

Na era Tite, o desempenho do goleiro é ainda melhor. Ele sofreu apenas três gols em 17 jogos —0,17 por jogo. Nem mesmo a reserva na equipe da Roma no ano passado abalou o prestígio do goleiro com a comissão técnica.

A possibilid­ade de perder a vaga na Copa do Mundo, no entanto, fez o goleiro cogitar deixar o clube italiano, o que não foi preciso. Ele virou titular do time na temporada recém-encerrada e foi selecionad­o pela federação europeia para o elenco ideal da última edição da Liga dos Campeões.

“O Alisson entendia as críticas que recebia porque não estava jogando com regularida­de na Roma. Na época, lembro que ele temeu perder a vaga de titular da seleção. Tanto é que no ano passado encurtou as férias e começou os trabalhos para a pré-temporada mais cedo, aqui em Porto Alegre”, disse Daniel Pavan, preparador de goleiros do Inter.

Pavan conhece bem a família Becker. Ele trabalhou pela primeira vez com Muriel, 31, atualmente no Belenenses, em 2001, quando Alisson apenas acompanhav­a o irmão na base do Internacio­nal.

O irmão foi uma inspiração para que o atual titular da seleção virasse goleiro. Ele ingressou nas categorias de base do Internacio­nal em 2003 e atuava no meio de campo, mas logo passou a jogar no gol.

A posição está no DNA dos Beckers. O bisavô foi goleiro do time da cidade de Novo Hamburgo na década de 1940. Já o pai joga no gol nas peladas de fim de semana.

Baixinho na época e com tendência a engordar, Alisson quase deixou o futebol aos 13 anos. Os pais, José e Magali Becker, acreditava­m que o então menino deveria se de- dicar aos estudos.

“Ele era bem menor que os outros meninos da idade e muitas vezes nem sequer era relacionad­o para os jogos. Expliquei aos pais dele que o Alisson tinha qualidades já de um goleiro e que daria um estirão, cresceria. Um ano e meio depois, ele já era goleiro da seleção brasileira sub-15”, afirmou Pavan.

Assim como no profission­al, Alisson também contou com a sorte nas categorias de base do clube colorado.

Em 2011, ele substituiu o titular Rafael Copetti, lesionado, durante a semifinal contra o Grêmio, pelo estadual da categoria sub-20. Pegou um pênalti e classifico­u a equipe para a final do torneio.

Com boas atuações pela Roma nesta temporada, o goleiro está cobiçado no futebol europeu. Real Madrid e Liverpool estão de olho no camisa 1 da seleção brasileira.

Ele é avaliado em € 50 milhões (cerca de R$ 218 milhões). Caso uma compra seja confirmada por esse valor, Alisson se tornará o segundo goleiro mais caro da história.

A marca hoje é de Ederson. Há um ano, o reserva da seleção foi vendido por € 40 milhões do Benfica para o Manchester City e virou o segundo jogador da posição mais caro do mundo, atrás somente de Buffon, que foi contratado pela Juventus junto ao Parma em 2001, por € 52 milhões.

Com 1,93 m de altura, o Alisson também chama a atenção pelo seu estilo. Em janeiro, ele foi escolhido pela grife italiana Emporio Armani para ser o mais novo “amigo da marca”, uma espécie de embaixador, e posou para fotos de um ensaio que mistura esporte e moda, fotografad­o em Milão.

0,40 Taffarel Itália-1990 0,42 Alisson Rússia-2018 1,39 Gylmar Inglaterra-1966

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O lateral direito Fagner, que completou 29 anos na segunda (11), leva ovada de companheir­os Neymar, no chão, brinca com Thiago Silva Aniversari­ante do dia, Philippe Coutinho ri após ser atingido com...
Tite observa treino da seleção brasileira em Sochi O lateral direito Fagner, que completou 29 anos na segunda (11), leva ovada de companheir­os Neymar, no chão, brinca com Thiago Silva Aniversari­ante do dia, Philippe Coutinho ri após ser atingido com...
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