Folha de S.Paulo

Argentina de Messi estreia em dia de maratona de jogos

Seleção foi vice do Mundial de 2014 e depois de duas Copas Américas seguidas

- Marcelo Machado de Melo/Fotoarena/Folhapress Christophe Simon/AFP -Alex Sabino

Em busca de se livrar do fantasma do vice-campeonato, a Argentina, liderada por Messi, faz sua 1ª partida na Copa da Rússia às 10h, contra a estreante Islândia.

Também campeã mundial, a França enfrenta a Austrália, às 7h. Os outros confrontos são Peru x Dinamarca (13h) e Croácia x Nigéria (16h).

Todos os 23 jogadores da Argentina, um por um, subiram os degraus para a tribuna de honra no Maracanã para pegar a medalha de vice-campeão do mundo. Passaram a centímetro­s da taça e a olharam com ar de tristeza. Marcos Rojo disse que naquele momento teve uma sensação de derrotado como nunca havia sentido na vida.

“Passar ao lado da Copa do Mundo, a 20 centímetro­s dela, e não poder tocá-la é uma dor que não vai passar nunca”, constatou Javier Mascherano.

Lucas Biglia diz que tem pesadelos com essa cena mesmo tanto tempo depois. Não raro acorda assustado, pensando que está acontecend­o de novo.

Quando a Argentina estrear na Copa do Mundo da Rússia contra a Islândia, neste sábado (16), às 10h (de Brasília), os três estarão no gramado do estádio do Spartak. Assim como Sergio Agüero e Lionel Messi, Ángel Di María fazia parte daquele time titular em 2014, mas não jogou contra a Alemanha por estar lesionado.

Em todos os treinos em Bronnitsi (a 55 km de Moscou), onde a delegação está trancada durante o torneio, Sampaoli troca ideias com Lionel Messi ao pé do ouvido.

Ele quer tirar a pressão dessa cena da derrota de 2014 da cabeça de todos os jogadores. Mas especialme­nte do atacante Messi. Acredita que é a melhor fórmula para fazê-lo render o que pode.

“Um jogador que tem essa capacidade há tanto tempo não deveria ter muita pressão porque deveríamos desfrutar desse jogo”, disse o treinador, antes de pegar os islandeses.

Mesmo quem olhar para o banco da Argentina vai ver a base que esteve em 2014 e passou pelo trauma de perder a taça após o gol de Götze, na prorrogaçã­o. Higuaín mais do que todos. Ele foi escalado como titular há quatro anos e perdeu o gol que poderia ter sido o do título.

Ter jogado tão bem ou melhor do que a Alemanha naquela tarde no Rio torna tudo ainda mais doloroso para a geração que tem a última chance de ser campeã agora.

Mesmo Messi já disse repetidas vezes não saber qual será o seu futuro. Não descarta abandonar a seleção, como já fez uma vez, após a derrota na final da Copa América Centenário para o Chile, em 2016.

Sampaoli não crê que isso vai acontecer e ninguém deveria cobrar o camisa 10 quanto a isso. “Pela sua capacidade e profission­alismo, ele decidirá quando”, resumiu.

“Que alguém ainda questione Leo [Messi] é incrível. Ele é o melhor do mundo e todos nós deveríamos desfrutar por poder vê-lo em campo”, concorda o goleiro Willy Caballero, um dos que viram pela TV e sofreram de longe na final do Maracanã.

A imagem de Messi passando ao lado da taça, os olhos vermelhos de chorar e com a expressão de amargura para receber o prêmio de melhor jogador da Copa do Mundo de 2014, algo que não tinha nenhum valor para ele naquele momento, está na mente de todos na seleção. E mesmo entre os torcedores. Não é apenas Lionel quem sofre.

Higuaín é vítima de memes em redes sociais até agora. Entre os que não estão mais na seleção, Pablo Zabaleta teve de responder várias vezes se acha que falhou na marcação na origem do gol alemão (algo que o irrita muito). A frase “era por baixo, Palacio!” hoje é chacota, mas, quando o atacante não finalizou rasteiro e tentou encobrir o goleiro Manuel Neuer, foi desespero.

“Para as pessoas, parece que chegar a três finais seguidas [houve duas de Copa América] não serve para nada. Dependemos dos resultados, e esse é o pensamento de todo o grupo que chegou até a final e não conseguiu ganhar”, afirma Messi.

Para acabar com seca de 25 anos sem títulos (o último foi a Copa América de 1993), Sampaoli adotou um pragmatism­o que não é dele.

Montou uma equipe para render o melhor diante das circunstân­cias. O que significa aproveitar tudo o que Messi tem a oferecer. Alejandro Sabella não fez isso em 2014.

Ao contrário. Quando percebeu a fragilidad­e defensiva da equipe, o treinador mudou o esquema tático, recuou a Argentina e fez com que o astro da seleção se sacrificas­se mais do que de costume.

Foi por causa disso que a Argentina chegou à final. E também foi por esse motivo que Rojo, Biglia, Mascherano, Messi e Agüero passaram pela tristeza de olhar a taça de tão perto. A esperança deles é conseguir tocá-la em 2018.

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