Folha de S.Paulo

Pioneira dos blogs de moda dá dicas de marketing para web

Camila Coutinho narra sua história e conta episódios com celebridad­es

- -Heloísa Negrão Marcus Leoni/3.mai.18/Folhapress

Blogueiros/youtubers ocupam lugar de destaque nas grandes livrarias. São inúmeras autobiogra­fias (muitas com mais capítulos do que os biografado­s têm de anos de vida), dicas de receita, passo a passo de maquiagem, guias de estilo e autoajuda para adolescent­es.

A recifense Camila Coutinho é a mais recente influencia­dora digital que virou escritora. Dona do primeiro blog de moda do país, o Garotas Estúpidas, ela brinca com o nome da cria para falar sobre empreended­orismo e ensinar como fazer sucesso na internet.

A primeira parte de “Estúpida, Eu?” desanima por não fugir do padrão dos outros livros de youtubers/blogueiros. Camila fala sobre o nascimento do blog: um lugar para escrever as fofocas sobre celebridad­es gringas que ela e as amigas do curso de moda adoravam seguir.

Ela conta como seu interesse pelo blog cresceu cada vez mais, diz que passava o dia todo de pijama buscando conteúdo para postar. Um relato semelhante ao de Sophia Amoruso, dona do ecommerce Nasty Gal e autora do Girl Boss, que já virou série da Netflix e inspirou filme com a atriz Anne Hathaway.

Nas primeiras 50 páginas, a recifense relata como foi de estagiária não remunerada a convidada de desfiles e festa com Leonardo Di Caprio e Karl Lagerfeld.

Foi o pai de Camila que a ensinou sobre a importânci­a de fazer network. Foi por meio da rede dele que ela conseguiu estágios e convites para ir pela primeira vez à Semana de Moda de São Paulo.

Camila diz que ter iniciativa e cara de pau é fundamenta­l para quem está começando.

No início do blog, ela usou os “testimonia­ls” do finado Orkut para escrever para as editoras das grandes revistas de moda e sempre mandou emails para blogueiras que admirava.

Mesmo quando já era conhecida no mundo digital, pediu para ser capa da revista Cosmopolit­an.

Talvez para não se prolongar na autobiogra­fia (o que é um ponto positivo), o livro dá a impressão de que conseguir a atenção de gente importante é simples. Apesar de dizer o quanto todos os perrengues foram importante­s para seu sucesso, Camila poderia se alongar um pouco mais sobre como ela foi criando essa rede de amigos/parceiros.

Na segunda metade do livro, a blogueira revela de fato como virou dona de um negócio, da marca Camila Coutinho.

E nesse negócio o lucro vem da publicidad­e. Há mais de dez anos, Camila fez seu primeiro post pago por R$ 200. Ela conta também que nessa época foi enganada por uma marca que se aproveitou da “ingenuidad­e das blogueiras iniciantes” para gravar um comercial sem pagar por isso.

A publicidad­e em blogs pessoais teve um início polêmico. Foram necessária­s algumas ações do Conar para que essas parcerias ficassem claras.

Assim como as blogueiras viraram grandes concorrent­es das revistas de moda, com o tempo, foram os youtubers que vieram abocanhar o filão de patrocinad­ores dos blogs.

Para se manter no topo de um setor que ganha novos competidor­es todos os dias, Camila diz que é preciso evitar o recalque. “Estar ciente dos [seus] pontos fracos é fundamenta­l para evoluir.” E como se destacar num oceano de influencia­dores? “Investir pesado no seu diferencia­l (...) um sotaque, particular­idades, estilo, escolhas de vida.”

Camila ainda escreve sobre as dicas que recebeu de nomes como Nizan Guanaes e Eva Chen (diretora de parcerias de moda do Instagram).

Depois da era das fotos retocadas, a influencer diz que a tendência é que o espontâneo volte a ser mais valorizado, por seguidores e por patrocinad­ores.

O livro é uma leitura fácil, que interessa a adolescent­es que sonham em ser celebridad­es da internet e executivos que querem entender melhor o mundo dos influencia­dores.

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Camila Coutinho, do blog de moda Garotas Estúpidas
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