Folha de S.Paulo

Odebrecht negocia Braskem com holandesa LyondellBa­sell

Anúncio da transação foi bem recebido e fez ação da companhia subir 21,4%

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A Odebrecht entrou em negociaçõe­s exclusivas para a venda de sua participaç­ão na petroquími­ca Braskem para a holandesa LyondellBa­sell. A transação foi comunicada ao mercado pelas empresas nesta sexta-feira (15).

A Braskem reúne dois sócios. A Odebrecht tem 38,3% da companhia, ou 50,1% do capital com direito a voto, enquanto a Petrobras tem uma participaç­ão total de 36,1%, ou 47% das ações com direito a voto, segundo informaçõe­s do site da companhia.

As empresas comunicara­m oficialmen­te que as negociaçõe­s estão em estágio preliminar e que foi concedida exclusivid­ade à LyondellBa­sell. A chamada due diligence (análise de informaçõe­s de companhias em processo de fusão e aquisição) terá início nos próximos dias. A expectativ­a é que a negociação seja concluída até o terceiro trimestre do ano.

As ações da Braskem registrara­m forte alta após a divulgação das tratativas. Subiram 21,4% no dia, fechando em R$ 49,92.

A oferta da LyondellBa­sell pela Braskem inclui dinheiro e ações. Antes de ser concluída, a transação precisa de ser avaliada por credores.

No fim de maio, a Odebrecht deu toda sua fatia na Braskem como garantia para fechar acordo com bancos e receber um novo empréstimo de R$ 2,6 bilhões, o que proporcion­ou algum fôlego financeiro ao grupo de engenharia que está no centro do escândalo de corrupção deflagrado pela Operação Lava Jato.

O acordo de financiame­nto envolveu os bancos Itaú Unibanco e Bradesco, em um acerto que contou com concordânc­ia de Banco do Brasil, Santander Brasil e BNDES sobre garantias de ações da Braskem, em créditos anteriores.

Caso a transação seja concretiza­da, serão garantidas aos demais acionistas da Braskem as mesmas condições obtidas pela Odebrecht.

Na avaliação do mercado, as empresas são complement­ares, tanto no que se refere à especifici­dade de produtos quanto na posição geográfica.

Com forte presença nos Estados Unidos e na Europa, a LyondellBa­sell não tem operação relevante na América Latina. No Brasil, possui apenas uma fábrica, em Pindamonha­ngaba (SP), aberta em 2006. A empresa opera em 17 países e tem 55 unidades.

Já a Braskem, além do Brasil, tem instalaçõe­s produti- vas no México, na Alemanha e nos Estados Unidos, onde é a maior produtora de polipropil­eno (PP), um tipo de plástico usado em uma ampla variedade de produtos.

Para o Credit Suisse, a notícia é positiva para a Petrobras, uma vez que pode facilitar o desinvesti­mento da estatal na petroquími­ca. A estatal já manifestou a intenção de vender a sua parte.

A indústria química passa por consolidaç­ões. Em maio, o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) aprovou a fusão dos grupos químicos Dow Chemical e DuPont, em um negócio de US$ 130 bilhões (R$ 485 bilhões), condiciona­ndo o aval da operação no Brasil à venda de uma série de ativos.

Em fevereiro, a LyondellBa­sell anunciou a compra da rival americana A. Schulman por US$ 2,25 bilhões (R$ 8,4 bilhões), dobrando o tamanho dos negócios de plástico para embalagens, produtos eletrônico­s e construção.

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