Folha de S.Paulo

Volante artilheiro, Paulinho vira quinto elemento de Tite

Alternativ­a ofensiva ao quarteto Neymar, Coutinho, Willian e Jesus, jogador é 3º maior goleador da atual seleção, com 7 gols

- -Camila Mattoso, Diego Garcia, Luiz Cosenzo e Sergio Rangel

Neymar, Coutinho, Willian e Gabriel Jesus formam o quarteto que faz o técnico Tite acreditar no hexa na Copa do Mundo na Rússia.

A seleção, porém, tem um quinto elemento que se mostra eficiente e tem a confiança do treinador gaúcho.

Trata se do meio-campista Paulinho, 29, terceiro maior goleador da atual seleção brasileira. Em 18 jogos com Tite na seleção, ele já marcou sete gols e só está atrás de Gabriel Jesus e Neymar, principais artilheiro­s, que somam dez e nove gols, respectiva­mente.

O meio-campista é também o atleta que mais esteve em campo com o atual treinador. Ele jogou 1.557 minutos —o segundo jogador que mais atuou é o goleiro Alisson, da Roma, com 1.485 minutos.

A confiança do atual comandante da seleção no jogador é antiga. Eles trabalhara­m juntos por quase três anos. No período, conquistar­am os dois maiores títulos que têm na carreira por clubes. Em 2012, foram campeões da Copa Libertador­es e do Mundial de Clubes pelo Corinthian­s.

“Depois que Tite assumiu, não é que comecei a trabalhar mais ou fazer mais. Mas eu sabia que eu iria fazer meu trabalho da melhor forma e tinha certeza de que seria observado. Tite me conhece muito bem. Eu o conheço há algum tempo, do Corinthian­s. Ele sabe da minha filosofia e caracterís­tica e o que posso fazer e oferecer à equipe”, disse o camisa número 15 do Brasil.

Paulinho retornou à seleção em setembro de 2016 após ficar dois anos afastado. Ele havia atuado pela última vez pelo país na histórica derrota para a Alemanha por 7 a 1, pela semifinal da Copa de 2014, em Belo Horizonte.

Na oportunida­de, o jogador chegou ao Mundial em baixa porque ocupava a reserva do inglês Tottenham, um ano após ser eleito o terceiro melhor jogador da Copa das Confederaç­ões, conquistad­a pela seleção brasileira.

Logo após o Mundial, foi negociado pelo clube londrino com o Guangzhou Evergrande, da China, onde foi treinado por Luiz Felipe Scolari.

Em um primeiro momento, a convocação do jogador foi muito contestada, assim como a do meio-campista Renato Augusto, que também estava no futebol chinês.

Tite resolveu dar uma chance ao seu ex-jogador no Corinthian­s após ouvir o filho Matheus Bacchi, auxiliar da seleção brasileira, que ficou impression­ado com as recentes atuações do atleta.

Aos poucos, Paulinho virou unanimidad­e no meio de campo da seleção. O treinador elogia a capacidade de enxergar o jogo do seu meio-campista, que se torna um elemento surpresa quando se infiltra na área adversária.

As boas atuações fizeram o Barcelona investir € 40 milhões (R$ 175 milhões, pelo câmbio atual) em sua contrataçã­o, em agosto de 2017.

Uma das razões que o fizeram melhorar foi o cuidado que passou a ter com o próprio corpo e a alimentaçã­o.

Acompanhad­o de perto pela comissão técnica da seleção, fez exercícios extras nos tempos de China. Mesmo em Bar- celona, o cuidado para manter a boa forma continuou. Ele até montou uma academia em sua casa na Espanha.

“Paulinho e todos os atletas adquiriram uma consciênci­a muito grande de serem atletas na acepção da palavra”, elogiou o técnico da seleção.

Uma das preocupaçõ­es da comissão técnica, inclusive, é com o desgaste do jogador, que está sem folga desde fevereiro do ano passado. Ele se transferiu do Guangzhou para o Barcelona em agosto, quando já havia começado a temporada europeia.

Contra a Suíça, neste domingo (17), o jogador terá um posicionam­ento mais recuado por causa da escalação do quarteto formado por Coutinho, Neymar, Willian e Gabriel Jesus, mas nada que impeça sua chegada ao ataque.

“Eu já trabalhei com o professor Tite e algumas vezes ele pedia que eu baixasse um pouquinho, fosse mais organizado­r e deixasse outro com mais liberdade no Corinthian­s. E aqui na seleção foi o que aconteceu, ele me pediu para organizar mais e liberar mais o Coutinho, que tem uma qualidade impression­ante. O que mais quero fazer é ajudar.”

Há dez anos, o volante, que hoje é um dos líderes da seleção, pensou em abandonar a carreira. Descoberto em uma escolinha da zona norte de São Paulo, ele foi vítima de racismo na Polônia, quando jogou pelo Lodzki.

Abatido e com pouca motivação para jogar a quarta divisão do Paulista, o volante recebeu incentivo de seu primeiro clube, o Pão de Açúcar, hoje Audax.

“Paulinho pensou em desistir do futebol quando retornou da Europa. Era uma retomada na carreira dele, já que estava na primeira divisão da Polônia e voltou para jogar a 4ª divisão paulista. Lá, ele sofreu provocação de torcidas adversária­s. Ele jogou na Lituânia e na Polônia em um projeto nosso que visava adaptar os jogadores ao futebol europeu”, disse Thiago Scuro, ex-gerente-executivo do Audax e, hoje, no Red Bull.

Após retornar ao futebol brasileiro, Paulinho ajudou seu clube a conquistar dois acessos consecutiv­os e chegar à Série A2 do Campeonato Paulista. Logo após subir com o Audax, Paulinho foi emprestado ao Bragantino.

Ele ficou menos de um ano no time de Bragança Paulista antes de chegar ao Corinthian­s, onde ganhou a projeção necessária para mudar o status de sua carreira.

“Depois que o Tite assumiu, não é que comecei a trabalhar mais ou fazer mais. Mas eu sabia que eu iria fazer meu trabalho da melhor forma e tinha certeza de que seria observado

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Nascido em SP em 25 de julho de 1988, o jogador do Barcelona disputará sua segunda Copa. Projetouse no Corinthian­s de Tite em 2011, com a conquista do Brasileiro e as da Libertador­es e do Mundial de Clubes, no ano seguinte
Paulinho, 29 Nascido em SP em 25 de julho de 1988, o jogador do Barcelona disputará sua segunda Copa. Projetouse no Corinthian­s de Tite em 2011, com a conquista do Brasileiro e as da Libertador­es e do Mundial de Clubes, no ano seguinte

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