Amava Carnaval e fundou sua escola de samba em Minas
Cici era movido a repique e tamborim. Fissurado em Carnaval, desfilava e coordenava alas, até que decidiu ele mesmo criar a própria escola de samba, a Vale do Paraibuna.
Mas se engana quem pensa nas capitais carioca ou paulista, berços tradicionais da festa em fevereiro. Valtencir Feliciano Ribeiro era mineiro, de Juiz de Fora —cidade que não teve desfile este ano por falta de verbas públicas.
A agremiação surgida do bloco de rua Boca Maldita, no entanto, já teve tempos áureos. Em 2006, foi campeã do grupo B com o samba “Omi - Acima de Deus Nada, Abaixo de Deus Água; A Criação do Mundo na Tradição de Yorubá” e chegou ao primeiro escalão do Carnaval juiz-forano.
Só que nos últimos anos, Cici lutava mesmo era para arrumar a quadra —interditada pelos Bombeiros por não ter estrutura adequada, como boa parte das escolas de samba da cidade.
Ostentando seu bigode grosso e a barriga exaltada, ele não desistiu do ritmo e da boêmia nem quando toda a família se converteu evangélica e deu adeus à festa mundana.
Cici bateu pé firme. A mulher, Regina, com quem era casado há 45 anos, só aparecia para fazer a comida do pessoal durante os ensaios e ajudar na limpeza da quadra.
Ele, que começou a trabalhar aos nove anos como ajudante de leiteiro, foi operário numa fábrica de giz e vendedor num depósito de coco, nunca aprendeu a dirigir —era seu maior sonho.
Entrou finalmente para a autoescola já sessentão. O exame estava marcado para esta semana. Mas um segundo infarto o impediu de conquistar a CNH. Morreu no dia 21 de junho, aos 61. Deixou a mulher, cinco irmãos, cinco filhos, oito netos e as escolas de samba mineiras de luto.
9º ANO
GOFFREDO DA SILVA TELLES JUNIOR Nesta sexta (29/6) ao meio-dia, igreja de São Francisco, Largo São Francisco, 133, Sé
7º DIA
CID ROBERTO AGUIAR FARIA Nesta quinta (28/6) às 19h, igreja N. Senhora do Rosário de Pompeia, av. Pompeia, 1250, Vila Pompeia