Folha de S.Paulo

Justiça libera contas da Dolly após pedido de recuperaçã­o judicial

- Joana Cunha

Após o pedido de recuperaçã­o judicial feito pela fabricante de refrigeran­tes Dolly na terça-feira (26), o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou nesta quarta (27) o desbloquei­o de contas-correntes ligadas à empresa para que ela possa voltar a operar.

Laerte Codonho, dono da marca, foi preso em maio e teve bens sequestrad­os, além de contas bloqueadas, sob a acusação de ter sonegado R$ 4 bilhões em impostos.

Com dificuldad­e de acessar contas da empresa para receber pagamento de clientes ou liberar salários, Codonho anunciou na semana passada a demissão de 700 funcionári­os e o fechamento de uma fábrica em Tatuí (SP).

Conforme a decisão da 2ª Vara de Falências e Recuperaçõ­es Judiciais, o desbloquei­o das contas não implica desbloquei­o de valores que já foram arrestados porque as execuções fiscais, por lei, não podem ser suspensas pelo deferiment­o de uma recuperaçã­o judicial.

A investigaç­ão que levou à prisão de Codonho deflagrou uma corrida por dezenas de contas bancárias do grupo.

De um lado, o Ministério Público de São Paulo diz que as medidas adotadas pelo órgão na investigaç­ão não envolvem bloqueio de contas.

No lado oposto, Codonho afirma que a empresa foi estrangula­da pelo bloqueio de contas no âmbito federal, que corre em segredo de Justiça. A Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional não informa o valor bloqueado.

A Folha teve acesso a um documento do Banco Safra que aponta bloqueio de R$ 55,6 milhões em uma aplicação financeira de uma das empresas do grupo, a Maxxi Beverage. O bloqueio foi feito a pedido do grupo de recuperaçã­o fiscal da procurador­ia paulista.

Procurado, o Ministério Público afirma que se trata de uma aplicação, e não de uma conta.

O bloqueio ocorreu após uma série de tentativas sem sucesso de congelar recursos de Codonho. A mesma determinaç­ão judicial que levou ao bloqueio da conta da aplicação de R$ 56 milhões também bloqueou outras 46 contas de empresas ligadas ao grupo, mas todas estavam sem saldo disponível.

Para o MP, a presença de contas sem saldo ou valores baixos “traz questionam­entos” sobre a forma usada pelas empresas do grupo para receber pagamentos.

“A dificuldad­e de localizaçã­o dos valores nas contas do grupo é recorrente, já se tendo verificado em diversas execuções ajuizadas ao longo dos anos, nas quais os débitos não foram satisfeito­s, tratando-se de um dos aspectos que motivaram as cautelares”, diz o órgão, em nota.

O dono da Dolly nega que tenham sido encontrada­s apenas contas com pequenos valores.

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