Folha de S.Paulo

Confiança de consumidor cai após greve de caminhonei­ros

Entidade alerta comerciant­es a terem cautela na reposição de estoques

- Taís Hirata

A paralisaçã­o dos caminhonei­ros levou a confiança do consumidor paulistano a uma queda de 8,37% em junho deste ano.

Foi a maior retração mensal do índice registrada desde maio de 2015, segundo a Fecomercio­SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

Com isso, o ICC, índice de confiança do consumidor paulistano, atingiu o menor nível desde novembro de 2017.

Atualmente em 104 pontos, o indicador varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).

A paralisaçã­o dos caminhonei­ros provocou, no fim de maio, bloqueios em estradas por todo o país durante aproximada­mente dez dias.

O protesto levou a uma grave crise de desabastec­imento em todo o país.

No quinto dia de paralisaçã­o, a confiança do consumidor em São Paulo chegou a registrar uma queda ainda maior, de 15,6%, aponta a federação.

“O efeito da paralisaçã­o ainda vai durar por mais algumas semanas ou até meses”, afirma o economista Fábio Pina, assessor da entidade.

A expectativ­a, diz ele, é que até as eleições de outubro não haverá uma retomada consistent­e do consumo.

“As eleições não fazem tanta diferença em condições normais, mas, neste ano, podem trazer muita mudança e, portanto, têm gerado forte incerteza”, diz Pina.

“O impacto disso já se vê no câmbio, por exemplo”, afirma o economista.

A recomendaç­ão da federação é que os varejistas tenham cautela na reposição de seus estoques, pelo menos até que o resultado das eleições seja conhecido.

Apesar da queda em junho deste ano, a confiança do consumidor paulistano melhorou 3,9% em relação ao mesmo mês do ano passado —período em que o índice também sofria forte abalo.

Naquele mês, o índice havia caído por causa dos efeitos sobre o governo Michel Temer do vazamento da delação premiada de Joesley Bastista, da JBS, ocorrida em maio.

O índice, que é um dos indicadore­s usados pelo comércio para medir a projeção de vendas no estado, vinha oscilando desde o início do ano, sem uma trajetória de retomada definida.

No acumulado do ano até junho, houve uma queda de 5%.

Entre os consumidor­es paulistano­s, aqueles que ganham menos de dez salários mínimos são os menos confiantes, com um índice abaixo da média geral (97,9).

No entanto, a queda maior foi verificada entre consumidor­es com menos de 35 anos e entre os que ganham mais de dez salários: entre maio e junho, o recuo da confiança foi de cerca de 11% para ambos.

O levantamen­to mostra ainda que as consumidor­as se mostram menos confiantes do que os homens.

O comércio no estado de São Paulo faturou R$ 55,6 bilhões em março, um aumento de 7,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

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Sebastien Bozon/AFP FRANÇA ABRE PROMOÇÕES DO VERÃO Nesta quarta (27), começaram as liquidaçõe­s de verão na França; na foto, cliente sai de loja de roupas
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