Folha de S.Paulo

Movimento #MeToo gera 417 acusações de assédio em empresas, diz consultori­a

- Danielle Brant

O movimento #MeToo (#EuTambém, no Brasil) gerou 417 acusações de assédio sexual ou conduta indevida contra executivos e funcionári­os de empresas, mostra levantamen­to da consultori­a Temin and Company.

Os dados foram coletados em notícias publicadas desde dezembro de 2015, quando teve início o julgamento do comediante Bill Cosby por acusações de assédio sexual.

Para ser incluído na base de dados, o caso deveria ter aparecido pelo menos sete vezes na mídia.

“Queríamos saber se o gatilho para as acusações tinha sido Bill Cosby ou, mais recentemen­te, Harvey Weinstein”, diz Davia Temin, presidente da Temin and Company.

Weinstein é um produtor de filmes que, em outubro de 2017, foi acusado de assédio e abuso sexual por celebridad­es como Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow.

Temin identifico­u o caso de Weinstein como o principal fator para o aumento de acusações.

Segundo ela, entre dezembro de 2015 e outubro de 2017, foram identifica­das 38 queixas do tipo, dentro do normal, na comparação com o passado.

Desde então, o número saltou para 417.

“Foi muito significat­ivo, tivemos uma força de trabalho focada nesse levantamen­to como nunca antes. Os casos foram aparecendo de maneira crescente”, afirma.

Do total, pelo menos 190 foram demitidos ou forçados a pedir demissão.

Temin diz que esse dado mostra que as empresas estão menos dispostas a desculpar comportame­ntos abusivos.

Por isso, mais executivos e funcionári­os estão sendo demitidos, apesar de o número de acusações agora ter estabiliza­do.

“As empresas não querem mais empurrar esses casos para baixo do tapete e deixar os abusadores dentro de seus quadros”, diz.

Existem ainda 153 pessoas que estão em uma espécie de limbo, aguardando o resultado de investigaç­ões. “É um número elevado. Algumas empresas não sabem exatamente o que fazer”, diz.

Muitos voltam aos quadros de funcionári­os. Em alguns casos, a empresa espera isso acontecer para, depois, demitir discretame­nte.

Outros 68 casos foram desqualifi­cados porque não foi possível provar as acusações. Em alguns episódios, a relação foi descrita como consensual.

Mas Temin questiona: “Alguns alegam que, mesmo que seja consensual, se há uma relação de poder entre chefe e funcionári­o, talvez não seja plenamente consensual”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil