Como Austin, capital do conservador Texas, pode ser tão liberal e artística
Capital do estado com piores leis anti-imigração foi eleita melhor cidade para se viver nos EUA
Os EUA seriam o destino de 14% dos brasileiros em caso de mudança para o exterior, de acordo com o Datafolha. Na faixa de público mais jovem, entre 16 e 24 anos, o país é citado por ainda mais entrevistados: 22%, conforme a pesquisa que revelou também a alta taxa de jovens (62%) que, se pudessem, deixariam o Brasil para morar em outro lugar.
Ainda que o estado do Texas tenha algumas das leis mais duras contra imigração ilegal, Austin, a capital, é considerada uma cidade-santuário, que prometeu proteger seus moradores estrangeiros.
No coração de um dos estados mais conservadores dos EUA, descansa uma das cidades mais liberais e artísticas do país. Austin tem tantos parques e natureza, além de casas sem muros e jardins, que às vezes parece interior.
Não à toa, foi escolhida pelo segundo ano consecutivo como a melhor cidade para se viver no país, de acordo com levantamento da publicação especializada U.S. News & World Report, que levou em conta as 125 maiores cidades do país e analisou fatores como perspectivas de emprego, custo e qualidade de vida.
As cidades de Colorado Springs e Denver, ambas no estado do Colorado, ficaram em segundo e terceiro lugar.
A quase 400 km da fronteira com o México, Austin tem um terço de latinos entre seus 930 mil residentes.
Basta um passeio pela 6th Street e seus arredores para sentir a verdadeira vocação de Austin, com dezenas de barzinhos e um monte de bandas tocando em alto e bom som, do rock ao country. Muitos estabelecimentos não cobram entrada e é possível visitar vários na mesma noite.
Além de capital do estado, com um charmoso capitólio no seu centro, a cidade é capital da música ao vivo e sedia diversos festivais de música disputados ao longo do ano.
O Austin City Limits, por exemplo, acontece em outubro; o South by Southwest, em março, embora hoje seja mais conhecido pela cena tecnológica do que pela musical.
De fato, empresas de tecnologia têm migrado para a capital texana nos últimos anos, como a Samsung, que abriu uma fábrica de chips de celulares em 2011.
O movimento valeu o apelido de Rancho do Silício à cidade e reacendeu uma antiga inclinação da região, que viu nascer a firma de software Dell, em 1984, e a fabricante de semicondutores Texas Instruments, nos anos 1950.
Uma das vistas mais bonitas de Austin é da ponte da avenida do Congresso, de onde é possível ver os caiaques atravessando o rio Colorado e uma nuvem negra de morcegos que fazem a alegria dos turistas no final do dia.
Um dos segredos dos locais é a piscina de águas naturais Barton Springs Pool, aberta o ano todo e cercada pelos gramados do Zilker Park.
Como tradição texana, o churrasco é parte vital da cultura gastronômica. Há filas de horas para conseguir provar as carnes suculentas do Franklin Barbecue, aberto apenas no almoço e com destaque para o porco desfiado. Outra opção é pedir encomenda na La Barbecue, num espaço para food trucks e mesas coletivas.
E, fazendo jus ao seu slogan mais popular, “Keep Austin Weird” (mantenha Austin esquisita), a cidade se orgulha de algumas bizarrices, como a Catedral do Lixo, um ferrovelho organizado da forma mais poética possível por um residente solitário. O lugar já foi cenário de filmes e videoclipes e pode ser visitado mediante agendamento por telefone (+1 512-299-7413).
A capital texana também é terra do roller derby, um esporte de contato sobre patins que ressurgiu em 2001 e virou mania mundial.
Trata-se de uma espécie de corrida maluca numa pista inclinada ou plana que envolve duas equipes de cinco.
Em Austin, é possível ver partidas o ano todo da liga Texas Roller Derby (txrd.com), que também emprega um pouco de teatralidade com lutas ensaiadas, ou da Texas Rollergirls, um dos melhores times do país.