Poucos no Brasil, croatas se unem para ver final
A capital paulista é conhecida por abrigar imigrantes de diversas nacionalidades. Os croatas, finalistas da Copa, estão na cidade.
Não há um número exato de quantas pessoas deixaram a Croácia em direção ao Brasil desde a primeira onda migratória, no final do século 19, mas estima-se que seja algo entre 70 mil e 100 mil.
De acordo com o professor Aleksandar Jovanovic, da USP, neste primeiro momento, além de croatas, chegaram ao território brasileiro eslovenos e sérvios, também sob domínio do Império Austrohúngaro (1867-1918).
“No século 19, pessoas emigraram de áreas ocupadas pelo Império Austríaco —dinastia dos Habsburgo (1278-1918). A Croácia era um pedaço sob este domínio”, conta.
Uma segunda onda migratória ocorreu de uma região costeira específica, a Dalmácia, em meados da década de 1920. O êxodo —cerca de 2 mil de 4.500 habitantes deixaram o lugar e se espalharam pelo mundo— fora motivado pela pobreza gerada com a Primeira Guerra (1914-1918), somada a uma infestação do inseto filoxera, uma praga que devastou vinhedos pela Europa.
“A maior parte da subsistência dos camponeses do litoral dálmata era das uvas. Essa destruição trouxe penúria”, explica Jovanovic.
Imigrantes vieram trabalhar nos cafezais no interior do estado de São Paulo. Com a industrialização, muitos foram para a capital e se instalaram em bairros paulistanos como o Belém e a Mooca.
Kátia Gavranich Camargo, 51, neta de croatas oriundos dessa região, é conselheira da Sada (Sociedade Amigos da Dalmácia), uma associação fundada em 1959 por cerca de 300 famílias da ilha de Korcula, na costa dálmata.
A instituição tem cerca de cem sócios atuantes e promove encontros sobre a cultura da Croácia. Com uma sede pequena, segundo Kátia, a expectativa é que falte lugar para abrigar tanta gente disposta a assistir à final da Copa no telão que clube irá disponibilizar no domingo (15).
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também gerou uma nova onda de imigrantes croatas, não só no Brasil, mas na Argentina e Austrália.
“Eram fugitivos em sua maior parte. Colaboracionistas do Terceiro Reich alemão. A Croácia foi o único Estado fantoche da Europa que montou campos de concentração sem ajuda dos alemães nazistas”, afirma o professor da USP.
Posteriormente, mais croatas vieram ao Brasil. Em menor número do que em outras épocas, parte destes imigrantes não concordavam com o regime comunista da Iugoslávia de Josipe Broz Tito, primeiroministro de 1945 a 1953 e presidente de 1953 a 1980.
Foi o motivo que trouxe os pais de Tomislav Correia-Deur, 42, ao país. Professor de língua e literatura portuguesa e brasileira, Tomislav é presidente da SociedadeCroatiaSacraPaulistana, localizada no Jabaquara.