Folha de S.Paulo

UE é inimiga, diz Trump antes de cúpula russa

Americano reclama que europeus se aproveitam de comércio; encontro com Vladimir Putin é nesta 2ª, na Finlândia

- The New York Times e Reuters

O presidente Donald Trump disse em uma entrevista divulgada neste domingo (15) que considera a União Europeia um inimigo comercial dos EUA, na véspera de seu encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em Helsinque (Finlândia).

“Acho que temos muitos inimigos. Acho que a União Europeia é um inimigo, com o que eles fazem conosco no comércio”, disse Trump, em declaraçõe­s à CBS Evening News.

O jornalista Jeff Glor comenta: “Muitos podem ficar surpresos de ouvir você listar a UE como inimigo antes da China e da Rússia”.

“A UE é muito difícil. Respeito os líderes desses países. Mas, em termos de comércio, eles realmente se aproveitar­am de nós”, responde Trump. “Muitos desses países estão na Otan [aliança militar ocidental] e não estão pagando suas contas, você sabe; um grande problema é a Alemanha.”

Trump acrescento­u: “A Rússia é um inimigo em certos aspectos. A China é um inimigo economicam­ente, certamente são inimigos. Mas isso não significa que eles sejam ruins. Não significa nada. Significa que eles são competitiv­os”.

Em resposta, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, escreveu nas redes sociais: “A América e a UE são melhores amigos. Quem diz que somos inimigos está espalhando notícias falsas.”

Trump passou os últimos dois dias em seu resort na Escócia, jogando golfe e, segundo ele, se preparando para a reunião com Putin, a quem elogiou pela organizaçã­o da Copa (“uma das melhores já feitas”).

O republican­o afirmou ter “baixas expectativ­as” sobre a reunião, que ocorre após 12 russos serem denunciado­s por hacking contra democratas e órgãos eleitorais durante as eleições de 2016 nos EUA.

Trump disse que levaria o assunto para a cúpula. “Talvez algo bom saia disso.”

Ele iniciou seu tour pela Europa na semana passada criando polêmica ao exigir que os parceiros da Otan elevassem seus gastos militares. Saiu dizendo que havia alcançado esse objetivo, mas líderes europeus o contradiss­eram.

A bordo do Air Force 1 em direção à Finlândia, Trump publicou uma série de mensagens nas redes sociais.

“Infelizmen­te, não importa o quão bem eu me saia em uma cúpula [...], sempre volto com críticas de que não foi bom o suficiente”, escreveu.

Serviço russo pode ter feito ataque eleitoral e envenename­nto

O mesmo serviço de inteligênc­ia militar da Rússia recémacusa­do de ataque hacker na eleição americana de 2016 pode ser o responsáve­l pelo envenename­nto no Reino Unido de um ex-espião russo.

Segundo autoridade­s britânicas e americanas que fala- ram sob a condição de anonimato, investigad­ores do Reino Unido acreditam que o ataque contra o ex-espião Serguei Skripal e sua filha Iulia foi muito provavelme­nte realizado por membros ou antigos integrante­s do serviço secreto militar russo (chamado de GRU).

As autoridade­s do Reino Unido estariam próximos de identifica­r as pessoas que seriam responsáve­is pela operação em março, no sul do país.

Os investigad­ores, no entanto, não descartam que o envenename­nto tenha sido colocado em prática por outra agência de inteligênc­ia da Rússia ou por um braço que já foi privatizad­o.

Na sexta-feira (13), o Departamen­to de Justiça dos EUA denunciou 12 agentes de inteligênc­ia russos, sob acusação de promoverem um ataque hacker aos computador­es do partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton durante a disputa eleitoral.

Analistas e autoridade­s americanas dizem que o GRU funciona como uma força de ataque secreta para o Kremlin em conflitos em todo o mundo. O envenename­nto de Skripal e de sua filha é um tipo diferente de operação, similar às práticas adotadas contra traidores pelos serviços de inteligênc­ia da Rússia.

Skripal trabalhou no GRU por cerca de 15 anos, mas também foi informante do MI6, serviço de espionagem britânico —um caso raro de traição entre integrante­s do GRU.

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Jonathan Nackstrand/AFP Manifestan­te protesta contra encontro entre Putin e Trump, em Helsinque

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