De grande coração, falava pouco e ensinava pelo exemplo

JOÃO LUIZ DOS REIS (1921-2018)

Um dos momentos mais felizes da vida do mineiro João Luiz dos Reis foi quando comprou sua casa própria em São Paulo. Para ele, era a concretização de um sonho, iniciado anos antes, quando resolveu migrar com a família para a capital na busca por dias melhores.

Nascido em Campanha (MG), ele desde cedo aprendeu a trabalhar no campo. Por causa disso, teve pouco estudo. Ao chegar na capital paulista, conseguiu trabalho como porteiro. Ele agarrou a oportunidade e fez sempre o melhor que podia. Amava sua profissão e era muito regrado.

Como falava pouco, João Luiz ensinava pelo exemplo. Era um homem íntegro que educou os filhos com “rédeas curtas”. Apesar do gênio forte, tinha um coração grande. Certa vez, o filho levou para casa um jovem que encontrou sem paradeiro, nas ruas. O patriarca o acolheu como um membro da família.

Ele também cuidou da ne- ta, que precisou de um tratamento de saúde. Calado, não conseguia esconder o orgulho que sentia ao assinar o boletim e ver notas altas.

Muito forte, ele mantinha uma boa alimentação e comia pelo menos cinco tipos de frutas por dia. Tinha pavor de médico e visitou um pela primeira vez após os 90.

Numa ocasião, chegou em casa todo sujo de graxa e com a roupa rasgada. Ao ser questionado sobre o que ocorrera, contou rindo que havia caído no poço do elevador. Nem a situação que poderia ter lhe custado a vida o abalou.

João sempre foi um marido dedicado. Com a esposa acamada há alguns anos, ele não deixou um dia sequer de demonstrar seu afeto e preocupação com ela, com quem foi casado por 73 anos.

No último dia 12, ele mor- reu vítima de um mal súbito, uma semana após completar 97 anos. Deixa a esposa, filhos e netos.

7º DIA

CARLOS AUGUSTO TIBIRIÇA RAMOS Nesta segunda (16), às 12h45, na igreja Nossa Senhora Do Brasil, praça Nossa Sra. do Brasil, 1, Jardim América