Folha de S.Paulo

Desvaloriz­ação de 10% do real levará inflação a 5% em 2019, afirma banco

- Flavia Lima

Uma desvaloriz­ação de 10% do real no próximo ano pode levar a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 5%, aponta levantamen­to do Credit Suisse obtido com exclusivid­ade pela Folha.

O estudo busca prever os efeitos de um real mais fraco sobre os preços, o que é conhecido pelos economista­s como “pass-through”.

Embora o impacto não seja claramente perceptíve­l pelo consumidor comum, um dólar mais forte encarece, por exemplo, matérias-primas que precisam ser importadas pela indústria —o que acaba pressionan­do os preços.

O tamanho do repasse do câmbio para a inflação varia conforme o tempo e também o ritmo da atividade econômica.

Segundo a equipe do Credit Suisse, em condições normais, esse efeito é considerá- vel: a cada 10% de desvaloriz­a4,25% no próximo ano, com ção cambial, 0,7 ponto percenuma margem de tolerância tual é adicionado à inflação. de 1,5 ponto percentual para

Mas como a economia bracima ou para baixo. sileira está saindo de um pePor enquanto, esse não é ríodo de recessão e passando o cenário central do banco, por um ciclo de retomada que que espera um dólar médio ocorre a passos lentos, esse rede R$ 3,65 em 2019. passe cambial à inflação não Embora as projeções dos é desprezíve­l, mas é menor. economista­s para inflação

No ambiente atual, de crestenham acelerado para algo cimento baixo e desemprego ao redor de 4% como consealto, uma desvaloriz­ação de quência da paralisaçã­o dos 10% do real adicionari­a 0,44 caminhonei­ros, o nível ainponto percentual à inflação de da é considerad­o confortáve­l. 2019, diz Lucas Vilela, econoDe qualquer forma, o sinal mista do Credit Suisse. de alerta em relação a pres

O crucial nessa equação, exsões inflacioná­rias está aceplica o economista, é a elevada so, com ao menos dois imporocios­idade das empresas. Em tantes eventos com fôlego paum quadro de demanda mais ra mexer com o câmbio: o pefraca, a necessidad­e de imporríodo pré-eleitoral e os respintar da indústria, por exemplo, gos de uma guerra comercial pode ser menor. entre EUA e China.

Como a inflação esperada Vilela prevê uma forte elepara 2019 pelo Credit Suisse vação da taxa Selic no próxiestá em 4,5%, o efeito a levamo ano —dos atuais 6,5% paria para perto de 5% —acima ra 9,5% no fim de 2019— codo centro da meta estabelemo forma de evitar uma incida pelo Banco Central, de flação maior a partir de 2020.

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