Folha de S.Paulo

Sérvios têm alegria dupla com título no tênis e derrota croata

- Eduardo Geraque

O entardecer em Belgrado, capital da Sérvia, teve uma dupla felicidade.

Primeiro, a vitória de um orgulho nacional no tênis. Novak Djokovic triunfou em Wimbledon pela quarta vez. Depois, o resultado da final da Copa do Mundo em Moscou. A alegria nem foi tanto com a vitória da França, mas pe- la derrota dos rivais croatas.

Nas ruas e nos cafés ao ar livre, alguns grupos de sérvios até que torceram para os vizinhos croatas. Durante o primeiro tempo, quase de forma simultânea, enquanto Djokovic fechava o jogo em Londres, a Croácia marcava seu primeiro gol na final do Mundial e empatava a partida. Houve comemoraçõ­es contidas. Em homenagem aos vizinhos e aos amigos que são de lá, dizia um morador local.

Mas a maioria, antes de torcer para a França, queria mesmo ver a derrota da Croácia, país que desde a guerra sangrenta do início dos anos 1990 tem uma relação muito tênue com a Sérvia. Ambas são ex-repúblicas da Iugoslávia.

“Foi uma dupla vitória que tivemos hoje”, afirma Ivan Milic, torcedor do Estrela Ver- melha, time de futebol sérvio.

“Eles também odeiam a gente. Não tem como torcer por eles, apesar de termos sido um só país no passado”, afirma o morador de Belgrado, que comemorou os gols franceses.

Entre o tênis e o futebol, o segundo teve uma pequena vantagem nas ruas. Só em um lugar, sem nenhuma discussão, o tênis teve lugar cativo.

Nas margens do Danúbio, onde uma singela placa diz, em inglês, “seja bem-vindo ao Novak Tennis Center”. O dono do centro disputava mais um título em Londres.

Assim como na semifinal entre Djokovic e Rafael Nadal, no sábado (14), a final teve ares de decisão de Copa para o pequeno grupo no bar do centro de treinament­o.

“Não posso assistir, porque tenho que trabalhar aqui no bar”, diz o barman Vojislav, que corre aos primeiros gritos dos outros torcedores para ver os lances da partida.

No centro de Belgrado, uma mulher assistiu à final da Copa enrolada na bandeira na Croácia, e vários grupos comemorara­m os gols da seleção rival, exemplo de como é complexa a relação entre as várias etnias na península balcânica. Leia mais em Copa 2018

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