Folha de S.Paulo

Deschamps supera críticas e ganha também como técnico

Capitão em 1998, comandante francês repete feito de Zagallo e Beckenbaue­r

- Charles Platiau/Reuters Alex Sabino, Diego Garcia, Fabio Aleixo, Igor Gielow e Luiz Cosenzo

Nas últimas semanas, Didier Deschamps, 49, cansou de se esquivar das perguntas sobre a possibilid­ade de ser campeão mundial como treinador e jogador. Neste domingo (15), não teve jeito.

Com o título, Deschamps igualou o brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo e o alemão Franz Beckenbaue­r, que venceram a competição dentro de campo e no banco de reservas.

Zagallo foi campeão como jogador em 1958 e 1962. Oito anos após o segundo título, dirigiu o time brasileiro que conquistou o tricampeon­ato no México. Beckenbaue­r foi o capitão da Alemanha na conquista da Copa de 1974. Em 1990, comandou a equipe que venceu o Mundial da Itália.

“É um grande prazer entrar nesse grupo seleto. Tecnicamen­te, em campo eles eram melhores do que eu. Jogavam de forma bonita, não como eu, mas também ganhei. Como técnico, seguimos os mesmos caminhos. Claro que é um orgulho pessoal, mas, honestamen­te, isso é algo secundário”, afirmou o treinador francês.

Ele fez parte da seleção francesa campeã do mundo há 20 anos. Capitão na final contra o Brasil, pela ausência de Laurent Blanc, ficou eternizado como o homem que er- gueu a taça da primeira Copa do Mundo vencida pelo país.

Volante de origem que só sabia marcar, destruir e passar a bola para quem estivesse mais perto, assim como Dunga, capitão do tetracampe­onato, Deschamps assumiu o comando da seleção em 2012.

Dois anos antes, o time havia passado por grave crise e fora eliminado na primeira fase do Mundial da África do Sul.

Ele chegou com a fama de conservado­r, assim como era seu futebol dentro de campo. Foi criticado porque não conseguia fazer um time que tinha bons talentos individuai­s demonstrar um bom futebol dentro de campo.

Até nisso se compara com Dunga, que também desagradou parte da imprensa (duas vezes) quando foi escolhido para dirigir o Brasil.

As críticas a Deschamps foram diminuindo com o passar do tempo. Ele também amansou ao longo dos anos por conta da juventude dos seus atletas, os protegeu dos comentário­s externos e terminou o Mundial com uma boa relação com todos.

De forma esperta, usa a juventude como arma. A França tinha o segundo elenco mais jovem do torneio, com média de idade de 26 anos.

Após a conquista do título, Deschamps foi abraçado pelos jogadores, que invadiram a entrevista coletiva, subiram na bancada e cantaram o nome do treinador. Ele ganhou um banho de cerveja, champanhe e isotônico.

“Como vocês sabem, tenho um grupo muito jovem, mas a qualidade estava lá. Meu orgulho é como eles lidaram com a responsabi­lidade, nunca desistiram. Temos imperfeiçõ­es, hoje fizemos tudo certo, tivemos essas qualidades mentais que foram decisivas para esta Copa do Mundo”, afirmou.

Deschamps disse também que continuará como treina- dor da seleção. Assim, poderá brigar pelo título da Eurocopa de 2020. Há dois anos, ficou frustrado com o vicecampeo­nato —perdeu a decisão para Portugal após eliminar a Alemanha na semifinal.

A França conquistou o título com seis vitórias e um empate. Na primeira fase, porém, o time não apresentou bom futebol. Venceu Austrália e Peru no sufoco e empatou com a Dinamarca por 0 a 0, pela última rodada.

Na oportunida­de, o time foi vaiado porque teria feito “jogo de compadres” com os dinamarque­ses, já que o resultado classifica­va as duas equipes e ainda garantia a liderança da chave para os franceses.

De acordo com Deschamps, a equipe ganhou confiança após a vitória sobre a Argentina por 4 a 3, pelas oitavas de final da competição.

“Mudou uma série de coisas para nós. Nos deu mais confiança mental. Era uma grande seleção, com Messi, mas estávamos apenas qualificad­os para as quartas depois daquilo, e houve muita euforia. Poderíamos perder para o Uruguai cinco dias depois, mas a fome de vencer aumentou”, completou o técnico.

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 ??  ?? Hugo Lloris ergue a taça; antes dele, Casillas, da Espanha, em 2010, e os italianos Dino Zoff, em 1982, e Gianpiero Combi, em 1934, foram os outros goleiros a levantar a taça
Hugo Lloris ergue a taça; antes dele, Casillas, da Espanha, em 2010, e os italianos Dino Zoff, em 1982, e Gianpiero Combi, em 1934, foram os outros goleiros a levantar a taça
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 ??  ?? Didier Deschamps com a taça após vencer a Copa do Mundo de 1998
Didier Deschamps com a taça após vencer a Copa do Mundo de 1998

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