Folha de S.Paulo

Após ‘boom’ na 1ª fase e sumiço no mata-mata, VAR reaparece

Árbitro argentino usou vídeo para marcar pênalti para a França em lance interpreta­tivo na decisão do Mundial

- Fábio Aleixo e Raphael Hernandes

moscou e são paulo Utilizado pela primeira vez em uma Copa do Mundo na Rússia, o VAR (árbitro assistente de vídeo) teve uma onda na primeira fase, adormeceu nos mata-matas e reapareceu na finalíssim­a deste domingo (15).

Foi com o uso do monitor à beira do campo que o argentino Néstor Pitana apitou pênalti a favor da França aos 38 minutos do primeiro tempo, após a bola bater no braço de Perisic em um cruzamento para a área. O jogo estava 1 a 1.

Em um primeiro momento, o juiz nada marcou, mas foi alertado pelo árbitro assistente de vídeo, o italiano Massimilia­no Irrati, de uma sala no centro internacio­nal de transmissõ­es em Moscou.

O argentino optou por rever as imagens, fez isso mais de uma vez, viu o braço aberto do lateral croata e, pela sua interpreta­ção, decidiu que justificav­a a marcação do pênalti.

Esse lance foi o 23º em que houve revisão com o VAR no Mundial. Desses, o 15º em que houve alteração na marcação inicial, segundo levantamen­to feito pela Folha. Antes da decisão, a Fifa falava em apenas 19 lances e 16 alterações.

“Em uma final de Copa do Mundo não se dá um pênalti como esse. Mas não tenho nada contra o juiz. É meu jeito de pensar e respeito e acredito que ele agiu de forma justa”, disse o técnico Zlatko Dalic.

“O VAR é bom quando é a seu favor, e ruim quando é contra”, afirmou antes de pedir a palavra de volta na entrevista coletiva. “O VAR faz bem para o futebol.”

Das 15 alterações, 13 ocorreram após revisão das imagens e 2 foram feitas seguindo só a recomendaç­ão dos auxiliares da cabine de vídeo. Esse segundo caso se aplica a lances não interpreta­tivos, para avaliar, por exemplo, se uma bola saiu ou não de campo antes do gol ou se uma falta ocorreu dentro ou fora da área.

De acordo com a Fifa, uma análise completa do VAR levou em média 79,6 segundos. Porém a bola não esteve parada durante todo esse tempo.

Após a fase de grupos, a entidade falava em apenas 38 segundos perdidos em média com a revisão por jogo.

Depois de ser acionado por 21 vezes em 48 partidas da etapa inicial, o VAR só foi usado 2 vezes em todos os 16 jogos do mata-mata. E seu uso agradou ao presidente da Fifa, Gianni Infantino. Ele foi um dos que mais batalharam pela ideia.

“O VAR dá a possibilid­ade de checar duas vezes. Nas decisões claras não há interpreta­ção. O gol em impediment­o está finalizado. Não veremos mais um gol marcado em impediment­o na era do VAR. Ou você está impedido ou não. As decisões são mais claras. Tivemos zero cartões vermelhos por violência”, afirmou.

“Agora todos sabem que o que você fizer, uma câmera vai pegar. Foi uma competição muito mais justa graças ao VAR” disse o cartola, em entrevista na última sexta (13).

Ao longo de toda a primeira fase, a Fifa se manteve em silêncio a respeito das questões relacionad­as ao VAR.

Apenas após os 48 jogos iniciais realizou um briefing. Um dos lances que mais geraram discussão e até uma carta à entidade por parte da CBF foi o gol de empate da Suíça sobre o Brasil. Havia queixa de falta de Zuber em Miranda. Áudio revelado depois pela Fifa mostrava que houve uma comunicaçã­o ao árbitro falando em “empurrão muito leve”.

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