Gaúcho, criava canários e praticava aeromodelismo
José Henrique, ou só Ique para os mais chegados, era um homem de hobbies. Praticava aeromodelismo desde garoto. Os carros antigos eram outro vício. Tinha vários modelos e a mania de consertá-los, regular o motor, deixar tudo nos trinques. Às vezes, se concentrava no conserto de relógios antigos.
Como bom gaúcho, tomava chimarrão todos os dias. Aos finais de semana, não podia faltar a churrascada e as idas ao estádio para ver o Grêmio. Podia ser também uma fugidinha com a família para a praia de Canto Grande, em Bombinhas (SC).
Seu outro hobbie era criar canários. Certa vez, precisava levar uns de seus pássaros de Porto Alegre, sua cidade natal, para a capital paulista, onde trabalhava. Mas, avesso às burocracias aeroportuárias, decidiu colocar as aves no blazer. Ideia que deu certo até chegar ao raio-x, quando foi impedido de embarcar com os bichos escondidos no bolso.
Mas se engana quem pensa que os passatempos to- mavam conta da vida de José Henrique. O descendente de alemães, filho de pai comerciante e formado em colégio tradicional, cursou administração de empresas e logo teria um cargo no funcionalismo público.
Mais tarde, enveredaria para o setor privado, como executivo de dois grandes hospitais de referência: primeiro, o Moinhos de Vento, no Sul, depois o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
No dia 17 de julho, o canário de José Henrique se consagrou como um dos melhores num campeonato nacional. Mas um melanoma o impediu de ver a vitória, aos 69 anos. Deixou a mulher, dois filhos e dois netos.
JURACI BARROS DAMASCENO Aos 75, divorciado. Cemitério Jardim do Pêssego, rua Iososuke Okaue, 911, Jardim Helian