Folha de S.Paulo

Alvo de ação da PF, economista Roberto Giannetti deixa a campanha de Doria

Roberto Giannetti da Fonseca é suspeito de integrar esquema para pagar propina a membros de conselho ligado à Receita

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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (26) mais uma fase da Operação Zelotes, que mira um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo ex-conselheir­os do Carf (Conselho Administra­tivo de Recursos Fiscais) —espécie de tribunal que avalia recursos a autuações da Receita Federal.

O economista Roberto Giannetti da Fonseca, coordenado­r-geral do programa de governo da candidatur­a de João Doria (PSDB), foi um dos alvos da ação.

Ele é suspeito de integrar esquema de pagamento de propina a membros do Carf para ajudar a siderúrgic­a Paranapane­ma a se livrar de débitos aplicados pelo Fisco, em 2014. O prejuízo apurado pelos investigad­ores, em valores atualizado­s, é de R$ 650 milhões.

Segundo nota da coligação de Doria, Giannetti deixou a campanha para se dedicar à sua defesa.

A Paranapane­ma foi autuada por, supostamen­te, usar indevidame­nte benefícios fiscais do drawback (tipo de regime aduaneiro especial que elimina tributos de importação).

A empresa contratou a Kaduna Consultori­a, de Giannetti, para prestar assessoria no caso. Conforme o inquérito, o economista subcontrat­ou outros dois escritório­s de advocacia, com atuação em Brasília, para comprar decisão do conselho.

Uma das bancas pertencia à então conselheir­a Meigan Sacks e a outra, a Vladimir Spíndola, filho da ex-assessora da Casa Civil Lytha Spíndola. Os três já são investigad­os em outros casos da Zelotes.

Em 2014, a Paranapane­ma conseguiu reverter o débito da Receita por meio de um recurso de primeira instância no conselho. Depois disso, a empresa do economista recebeu R$ 8 milhões.

Os recursos foram repartidos entre os escritório­s de Meigan e Vladimir. Giannetti ficou com R$ 2,2 milhões.

A Zelotes suspeita que esses recursos tenham sido usados para pagar propinas a três membros do Carf que apreciaram o recurso da Paranapane­ma. Em email enviado a uma funcionári­a da Paranapane­ma, Giannetti sugeriu que atuaria no Executivo para evitar que a demanda se estendesse no Carf.

De fato, segundo o MPF (Ministério Público Federal), não houve recurso.

Após a decisão, a Kaduna fez duas doações, cada uma de R$ 250 mil, ao PSD e ao PSB. Os investigad­ores não têm indícios, por ora, de que os repasses tenham ligação com o esquema.

Nesta quinta, a Kaduna foi alvo de busca e apreensão. Os policiais também vasculhara­m endereços de Godinho, que na época era secretário de Comércio Exterior da gestão Dilma Rousseff. As medidas foram autorizada­s pela 10ª Vara Federal no DF.

Giannetti foi cotado para coordenar o programa de governo de Geraldo Alckmin (PSDBSP) na área econômica, mas a missão acabou com Pérsio Arida. Ele foi secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior no governo FHC.

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Marlon Costa/Futura Press/Folhapress
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Luiz Prado -17.jul.17/Ag. Luz/OCP Policy Center O economista Roberto Giannetti da Fonseca, um dos alvos de nova fase da Zelotes

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