PAQUISTANESES COMEMORAM APÓS CANDIDATO DECLARAR VITÓRIA EM PLEITO PRESIDENCIAL
Apoiadores do ex-jogador de críquete e astro do esporte Imran Khan festejam em Carachi; adversários apontaram irregularidades na eleição
O ex-jogador de críquete e astro do esporte Imran Khan, 65, se declarou vencedor das eleições paquistanesas em um pronunciamento nesta quinta-feira (26), apesar das denúncias de irregularidades no pleito feita por seus adversários.
Seu partido, o Tehreek-eInsaf (PTI), lidera a apuração, mas os resultados oficiais não haviam sido anunciados até a conclusão desta edição e não está claro ainda se a sigla conseguirá maioria para indicar o premiê ou se terá de negociar com outros grupos.
Para ter maioria absoluta, um partido precisa obter 172 cadeiras no Parlamento. A sigla de Khan, antes do fim da apuração, já tinha garantidos mais de 110 assentos. O órgão eleitoral do país disse ter tido problemas técnicos e que teve que reverter a apuração para o sistema manual —por isso o resultado só deveria ser conhecido nesta sexta-feira (27).
O resultado certamente será contestado, já que houve inúmeras denúncias de que observadores eleitorais acreditados teriam sido expulsos das zonas eleitorais pelas forças de segurança.
Antes da eleição, Khan já liderava as pesquisas e por isso era considerado o favorito para ser o novo primeiro-ministro. Ele também tem boa relação com as Forças Armadas paquistanesas, que controlam a vida política e econômica do país.
“Graças a Deus fomos bemsucedidos e ganhamos. Este será o primeiro governo que não fará nenhuma vitimização política”, disse ele ao anunciar sua vitória. “Vamos gover- nar este país como ele jamais foi governado.”
Khan prometeu ainda que vai transformar o país e defendeu uma melhoria na relação com a vizinha Índia. “Os líderes do Paquistão e da Índia deveriam sentar juntos em uma mesa e resolver a questão da Caxemira”, disse ele, fazendo referência ao território disputado pelos dois países.
Ele também defendeu uma relação “mutuamente benéfica” com os EUA. Em janeiro, o governo Trump suspendeu a ajuda financeira para segurança do Paquistão, depois de acusar o país asiático de ter feito os presidentes americanos de “bobos” com “mentiras e enganações”.
Ele prometeu ainda melhorar as relações com a China, principal credor do país e que tem financiado investimento em infraestrutura como estradas. A dívida, no entanto, tem crescido em um ritmo impagável —o país recorreu dois anos atrás a um empréstimo do FMI e parece que ruma para pedir mais ajuda.
Seu principal adversário na disputa eleitoral é Shehbaz Sharif, 66, irmão do ex-premiê Nawaz Sharif —que foi afastado do cargo pela Justiça no ano passado— e candidato pela Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N, governista).
Na quarta (26), Sharif já tinha rejeitado a contagem oficial “devido a irregularidades manifestas e maciças”, enquanto os resultados começavam a ser contabilizados.
“Se o mandato do povo tivesse sido alcançado de maneira justa, teríamos aceitado com alegria”, disse ele nas redes sociais.
Até a conclusão desta edição nem Sharif nem os outros candidatos se pronunciaram sobre a declaração de vitória feita por Khan.