Centrão oficializa apoio a Alckmin; Josué não será vice
Com aliança agora oficial, bloco busca nome para compor chapa com tucano
O bloco de partidos conhecido como centrão oficializou apoio ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Também ontem, o empresário Josué Alencar (PR) formalizou sua decisão de não ser o vice.
A aliança busca novo nome para a vaga, que pode ser de uma sigla que não compõe o grupo.
Sem conseguir definir quem será seu vice, o précandidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, oficializou nesta quinta-feira (26) aliança com partidos do chamado centrão —DEM, PP, PR, PRB e SD.
Alckmin começou o dia em um hotel em Brasília ouvindo palavras públicas de apoio da cúpula de legendas conhecidas pelo apetite por cargos e por abrigarem alvos do mensalão, da Lava Jato e da operação Registro Espúrio.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enviou mensagem anunciando que desistia de disputar o Planalto e sacramentando a aliança com o tucano. No acordo com Alckmin, Maia negociou o apoio do PSDB e dos integrantes do bloco para uma eventual reeleição ao comando da Câmara, em 2019.
Comandante do PR mesmo sem ser filiado à sigla e um dos principais fiadores do apoio do bloco a Alckmin, Valdemar Costa Neto mandou o deputado Milton Monti (SP) para representá-lo.
Alckmin se referiu aos integrantes do bloco como “cinco grandes partidos que têm responsabilidade com o povo brasileiro e com o nosso país” e ignorou pergunta de jornalista sobre como lidar com eventuais cobranças em troca do apoio, caso se eleja.
Logo após o evento, o tucano e aliados receberam carta em que o empresário Josué Alencar (PR) formalizou sua decisão de não ser vice na chapa do presidenciável tucano.
“Por questões pessoais não posso aceitar. Estou convicto, contudo, de que os partidos unidos neste momento em favor de um Brasil melhor indicarão candidato a vice-presidente capaz de agregar muito mais força eleitoral e conhecimento político do que eu”, diz trecho da carta, antecipada pelo Painel.
Com a mensagem de Josué, a novela da vice tucana encerrou um capítulo para dar início a outro. Agora, Alckmin passa a discutir opções não apenas com o centrão, mas também com PTB, PSD, PPS e PV, partidos que estão em seu palanque presidencial. O primeiro a ser visitado pelo tucano foi o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.
Ganhou força a possibilidade de indicação de alguém do PP, maior partido do bloco, com 49 deputados. A vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho, e o empresário Benjamin Steinbruch, são cotados.
“Vamos nos debruçar agora sobre isso, mas sem correria. Tem uma semana para a gente definir”, disse Alckmin, adotando como data limite o dia 4 de agosto, quando o PSDB realiza sua convenção nacional.
O ex-governador terá até esta sexta (27) uma primeira conversa com o presidente do DEM, ACM Neto, escalado para conduzir as negociações.
Indicado ao posto pelo centrão, Josué se mostrava reticente quanto à possibilidade de ingressar na chapa tucana e foi alvo de forte investida de aliados que tentaram convencê-lo a aceitar.
O movimento, porém, falhou, e Josué tomou a decisão que mais agradava a seus familiares, principalmente à sua mãe, Mariza, que não o queria na disputa eleitoral deste ano.
A relação de Josué com o PT também foi levada em consideração, segundo aliados, para o vai e vem do empresário.
Morto em 2011, José Alencar, pai de Josué, foi vice-presidente durante os dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva. A ligação familiar histórica fez, inclusive, que uma chapa entre Josué e o candidato do PT ao Planalto —que será lançado caso Lula seja impedido de concorrer— fosse cogitada por petistas.
Lula foi o principal fiador da filiação de Josué ao PR e era simpático à ideia de que ele fosse seu candidato a vice. Preso, Lula mantém o discurso de que é candidato, mas o partido já busca um vice mais alinhado à esquerda para suprir a eventual ausência do expresidente na chapa.