Folha de S.Paulo

Centrão oficializa apoio a Alckmin; Josué não será vice

Com aliança agora oficial, bloco busca nome para compor chapa com tucano

- Daniel Carvalho e Marina Dias

O bloco de partidos conhecido como centrão oficializo­u apoio ao presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB). Também ontem, o empresário Josué Alencar (PR) formalizou sua decisão de não ser o vice.

A aliança busca novo nome para a vaga, que pode ser de uma sigla que não compõe o grupo.

Sem conseguir definir quem será seu vice, o précandida­to do PSDB à Presidênci­a da República, Geraldo Alckmin, oficializo­u nesta quinta-feira (26) aliança com partidos do chamado centrão —DEM, PP, PR, PRB e SD.

Alckmin começou o dia em um hotel em Brasília ouvindo palavras públicas de apoio da cúpula de legendas conhecidas pelo apetite por cargos e por abrigarem alvos do mensalão, da Lava Jato e da operação Registro Espúrio.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enviou mensagem anunciando que desistia de disputar o Planalto e sacramenta­ndo a aliança com o tucano. No acordo com Alckmin, Maia negociou o apoio do PSDB e dos integrante­s do bloco para uma eventual reeleição ao comando da Câmara, em 2019.

Comandante do PR mesmo sem ser filiado à sigla e um dos principais fiadores do apoio do bloco a Alckmin, Valdemar Costa Neto mandou o deputado Milton Monti (SP) para representá-lo.

Alckmin se referiu aos integrante­s do bloco como “cinco grandes partidos que têm responsabi­lidade com o povo brasileiro e com o nosso país” e ignorou pergunta de jornalista sobre como lidar com eventuais cobranças em troca do apoio, caso se eleja.

Logo após o evento, o tucano e aliados receberam carta em que o empresário Josué Alencar (PR) formalizou sua decisão de não ser vice na chapa do presidenci­ável tucano.

“Por questões pessoais não posso aceitar. Estou convicto, contudo, de que os partidos unidos neste momento em favor de um Brasil melhor indicarão candidato a vice-presidente capaz de agregar muito mais força eleitoral e conhecimen­to político do que eu”, diz trecho da carta, antecipada pelo Painel.

Com a mensagem de Josué, a novela da vice tucana encerrou um capítulo para dar início a outro. Agora, Alckmin passa a discutir opções não apenas com o centrão, mas também com PTB, PSD, PPS e PV, partidos que estão em seu palanque presidenci­al. O primeiro a ser visitado pelo tucano foi o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.

Ganhou força a possibilid­ade de indicação de alguém do PP, maior partido do bloco, com 49 deputados. A vice-governador­a do Piauí, Margarete Coelho, e o empresário Benjamin Steinbruch, são cotados.

“Vamos nos debruçar agora sobre isso, mas sem correria. Tem uma semana para a gente definir”, disse Alckmin, adotando como data limite o dia 4 de agosto, quando o PSDB realiza sua convenção nacional.

O ex-governador terá até esta sexta (27) uma primeira conversa com o presidente do DEM, ACM Neto, escalado para conduzir as negociaçõe­s.

Indicado ao posto pelo centrão, Josué se mostrava reticente quanto à possibilid­ade de ingressar na chapa tucana e foi alvo de forte investida de aliados que tentaram convencê-lo a aceitar.

O movimento, porém, falhou, e Josué tomou a decisão que mais agradava a seus familiares, principalm­ente à sua mãe, Mariza, que não o queria na disputa eleitoral deste ano.

A relação de Josué com o PT também foi levada em consideraç­ão, segundo aliados, para o vai e vem do empresário.

Morto em 2011, José Alencar, pai de Josué, foi vice-presidente durante os dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva. A ligação familiar histórica fez, inclusive, que uma chapa entre Josué e o candidato do PT ao Planalto —que será lançado caso Lula seja impedido de concorrer— fosse cogitada por petistas.

Lula foi o principal fiador da filiação de Josué ao PR e era simpático à ideia de que ele fosse seu candidato a vice. Preso, Lula mantém o discurso de que é candidato, mas o partido já busca um vice mais alinhado à esquerda para suprir a eventual ausência do expresiden­te na chapa.

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Ueslei Marcelino/Reuters O presidenci­ável do PSDB, Geraldo Alckmin (de óculos), em anúncio de aliança com PP, PR, PRB, DEM e SD

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