Folha de S.Paulo

Grécia tem suspeita de ação criminosa em incêndio que matou 83

- Reuters e Associated Press

Autoridade­s da Grécia disseram nesta quinta-feira (26) ter “sérias indicações” de que os incêndios que deixaram ao menos 83 mortos foram provocados.

O ministro da Proteção ao Cidadão, Nikos Toskas, afirmou que a análise de imagens de satélite e inspeções no solo sugerem que tenha sido fruto de ação criminosa o fogo que começou na segunda-feira (23) em vários locais em curto espaço de tempo. Disse ainda que a polícia tem testemunha­s que corroboram a tese.

A cifra de vítimas deve aumentar, e aproximada­mente 300 bombeiros e voluntário­s ainda estão vasculhand­o as áreas afetadas por dezenas de desapareci­dos.

Cerca de 60 pessoas estão hospitaliz­adas, 11 delas em tratamento intensivo.

Em visita a Mati e outras localidade­s afetadas, o ministro da Defesa, Panos Kammenos, foi confrontad­o por parentes que buscam informaçõe­s sobre os desapareci­dos.

“Isso não deveria ter acontecido, as pessoas morreram por motivo nenhum”, afirmou uma mulher. “Vocês nos deixaram à misericórd­ia de Deus.”

Uma mulher procurava sua irmã. “Nada aconteceu com o carro dela, a casa não foi queimada, então onde ela está? Onde eles estão? Eles foram para algum lugar. Onde podem estar?”, questionou Maria Sarieva.

Construçõe­s sem licenciame­nto e aleatórias —algo comum em muitas áreas do país—tambémfora­mapontadas como causas para a tragédia. Muitas possíveis rotas de fuga para a praia estavam cercadas por muros.

“Como é possível possível que tantas vidas tenham sido perdidas e não investigar quem é responsáve­l por tal caos no planejamen­to urbano?”, disse o ministro da Infraestru­tura, Christos Spirtzis.

Parentes de vítimas chegavam ao necrotério para fornecer informaçõe­s e amostras de sangue para ajudar na identifica­ção.

“É um processo difícil, mais difícil que outros desastres com os quais já lidamos”, disse o legista Nikolaos Kalogrias.

O governo anunciou uma série de medidas de alívio para a população, entre elas o pagamento de uma soma de € 10 mil (R$ 44 mil) e empregos no setor público para cônjuges e parentes próximos de vítimas.

Mas, para muitos, isso foi pouco. “Uma gota no oceano”, afirmou a primeira página do jornal Ta Nea.

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