Folha de S.Paulo

Dez crianças brasileira­s permanecem em abrigos nos EUA separadas dos pais

- Estelita Hass Carazzai

A poucas horas do prazo final dado pela Justiça americana para a reunião de todas as crianças separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos com o México, dez menores brasileiro­s ainda permanecia­m em abrigos americanos, segundo informou o Itamaraty.

Os jovens têm entre cinco e 17 anos e estão em instituiçõ­es em Chicago e no Texas. Nas últimas duas semanas, 39 menores do país foram reunidos aos pais ou guardiões legais

O governo dos EUA tinha até a meia-noite desta quinta-feira (26) para reunir todos os menores aos pais, conforme determinou um juiz federal na Califórnia.

Em relatório apresentad­o no final da tarde de quinta, o Departamen­to de Justiça informou que havia liberado 1.820 crianças dos abrigos, o que representa cerca de 70% dos menores que estavam sob a guarda do governo.

As outras crianças, porém, não seriam reunidas no prazo —entre elas, 431 que tiveram os pais deportados ao país de origem, sem os filhos, e outras 173 cujos pais não haviam sido localizado­s.

A União Americana pelas Liberdades Civis, que moveu a ação judicial, afirmou que a situação é perturbado­ra, e cobrou uma lista de nomes e contatos para ajudar a localizar as famílias. “Sem esses esforços, há um risco de que essas crianças permaneçam indefinida­mente separadas de seus pais”, informou.

O Itamaraty informou não ter conhecimen­to de brasileiro­s que estejam nesse caso. Ele disse estar acompanhan­do a situação e trabalhand­o para agilizar a documentaç­ão necessária para reunir as famílias.

Mas advogados criticaram a atuação do governo brasileiro, que consideram ter sido ineficaz para liberar as crianças mais rapidament­e.

“Ficou tudo num nível de uma diplomacia não operaciona­l”, disse à Folha o advogado Carlos Roberto Siqueira Castro, que representa uma família brasileira separada na fronteira. O pai e o filho de sete anos, que estava em um abrigo em Nova York, foram reunidos na semana passada. Eles devem retornar ao Brasil.

O Ministério das Relações Exteriores informou que a maioria dos processos era administra­tiva e dispensava representa­ção em juízo –e que, nos casos em que foi necessária a atuação de um advogado, organizaçõ­es que oferecem serviços gratuitos vinham colaborand­o com os consulados.

No total, cerca de 2.600 crianças imigrantes foram separadas dos pais desde abril, quando a administra­ção de Donald Trump iniciou a política de tolerância zero contra a travessia ilegal da fronteira. Aproximada­mente 50 delas eram brasileira­s.

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Drew Angerer/Getty Images/AFP Manifestaç­ão em Nova York contra política de separação de famílias

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