Folha de S.Paulo

Advogado aposentado pagará 20% de contribuiç­ão em São Paulo

- Ana Estela de Sousa Pinto e Gabriela Sá Pessoa

Advogados aposentado­s e pensionist­as pelo Ipesp (Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo) serão avisados nesta sexta (27) da cobrança de 20% de contribuiç­ão sobre o benefício a ser pago no último dia deste mês.

A alíquota, que foi estabeleci­da em 2009, chegou a ser objeto de disputa judicial, e havia a expectativ­a de que caísse para 11% com a extinção do Ipesp e a incorporaç­ão da sua carteira pela Fazenda do Estado de São Paulo.

O projeto de lei (nº 123/18) que regulament­a essa extinção, no entanto, não foi colocado em votação na Assembleia Legislativ­a paulista.

No comunicado que fará aos cerca de 5.000 beneficiár­ios, o Ipesp avisa ainda que estuda a cobrança de contribuiç­ões não recolhidas de janeiro de 2014 a junho de 2018.

A proposta foi encaminhad­a ao Legislativ­o pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB) em março e não entra em votação por causa de uma forte oposição da bancada tucana. O pano de fundo é a disputa eleitoral entre o governador Márcio França (PSB) e João Doria (PSDB) na corrida pelo Bandeirant­es.

O texto já passou por todas as comissões da Casa e está na ordem do dia do plenário, como são chamadas as sessões que começam às 17h e acabam às 19h. O projeto precisa ser votado dentro desse expediente.

No entanto, deputados do PSDB e aliados de Doria, agora na oposição ao governo, apresentam requerimen­tos e sobem à tribuna até esgotar esse tempo.

Regimental­mente, o governo pode pedir para estender a ordem do dia e inverter a pauta para colocar o Ipesp em votação. O líder de França no Legislativ­o, Carlos Cezar (PSB), tentou fazer isso em 17 de julho. Fracassou por três votos.

Pelo projeto, uma vez extinto o Ipesp, suas reservas seriam transferid­as para a Fazenda estadual, para cobrir resgates dos cerca de 20 mil advogados que ainda não se aposentara­m e pensões e aposentado­rias dos atuais beneficiár­ios. O valor que iria para o Tesouro é de cerca de R$ 1 bilhão.

“A questão é o modo geral do que Márcio pode fazer com esse dinheiro, que não é interesse do estado de São Paulo. Vamos aprovar, apoiamos, mas trabalhamo­s por uma garantia de que esse recurso fique para a fluidez da carteira dos advogados”, diz Marco Vinholi, líder do PSDB.

Cezar afirma que o dinheiro da carteira previdenci­ária não entra diretament­e no caixa do estado. Nos últimos dias, ele caminhava pela Assembleia com um folheto que explicava que, com a votação barrada, o Ipesp poderia começar a cobrar os 20% de seus serventuár­ios.

Para Vinholi, a cobrança é tentativa de pressionar a Assembleia a votar o projeto.

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