Folha de S.Paulo

Um agronegóci­o mais produtivo, mas ainda carente de instrução

Censo atesta avanço da tecnologia no plantio e colheita, mas 24% dos produtores no comando não sabem ler e escrever

- Mauro Zafalon

A agropecuár­ia brasileira se moderniza, eleva a produtivid­ade e até aumenta as áreas de preservaçã­o dentro das propriedad­es agrícolas. Alguns pontos, no entanto, como o da assistênci­a técnica aos produtores e o da alfabetiza­ção, deixam a desejar.

Éoquemostr­amosdadosd­o Censo Agropecuár­io brasileiro, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), divulgado nesta quinta (26).

Ainda preliminar­es, não trazem informaçõe­s de produção, mas de ocupação de área. Foram incorporad­os 16 milhões de hectares na atividade agrícola nos últimos 11 anos.

O censo mostra que 4,5 milhões de propriedad­es, de até cem hectares, somam 72 milhões de hectares. Apenas os 2.400 estabeleci­mentos com mais de 10 mil hectares cada um atingem uma área de 52 milhões de hectares.

Os números mais recentes de safra de grãos e de proteínas indicam que a evolução brasileira não vem apenas da nova incorporaç­ão de área, mas também do aumento de produtivid­ade.

Boa parte das fazendas aderiu a novos métodos de produção e novas tecnologia­s.

Os dados do IBGE mostram uma preocupaçã­o do agricultor com o solo, ponto-chave para uma boa produção. De 2006 a 2017, o plantio direto na palha subiu 83%, atingindo 33 milhões de hectares.

As vendas de tratores aumentaram 50%, e as de colheitade­iras, 49%. Com o avanço da safra de grãos, que já supera 230 milhões de toneladas por ano, o número de tratores no campo subiu para 1,23 milhão de unidades e o de colheitade­iras atingiu 173 mil.

O aumento da produtivid­ade e a incorporaç­ão de novas tecnologia­s esbarram, porém, na alfabetiza­ção. Apesar de os novos tempos exigirem muito conhecimen­to do produtor para operar as máquinas modernas, 23,5% dos que estavam no comando do estabeleci­mento não sabiam ler e escrever.

A agricultur­a começa a atrair mais jovens para o campo, mas, no ano passado, 5,5% dos agricultor­es tinham menos de 30 anos. Outros 60,2% estão entre 30 e 60 anos e 34,3% superam essa faixa etária.

A baixa escolarida­de dificulta a compreensã­o de orientação técnica, embora ainda escassa no país. No ano passado, apenas 20% dos estabeleci­mentos agropecuár­ios eram assistidos por técnicos.

Em alguns estados, como o de Santa Catarina, esse percentual chegava a 52% em 2017. No Ceará, no entanto, era de apenas 6%.

Além da busca de uma modernizaç­ão produtiva, a agropecuár­ia se adapta também a novas exigências sociais e ambientais do mercado. Nos últimos 11 anos, houve cresciment­o de 10% nas matas naturais, que são as áreas de preservaçã­o ou de reserva legal dentro das propriedad­es.

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