Folha de S.Paulo

Barra a fundo

Tradiciona­l bairro fabril, Barra Funda vira polo cultural sem perder clima interioran­o

- Marina Consiglio Úrsula Passos

Nos idos dos anos 1920, os contos reunidos em “Brás, Bexiga e Barra Funda”, de Antônio de Alcântara Machado, narravam a vida de Carmelas e Gaetaninho­s em bairros que traduziam a transforma­ção de São Paulo, de vila em metrópole, com fábricas e operários de ascendênci­a italiana.

Quase cem anos depois, a casa da família Melli virou um estacionam­ento na rua Barra Funda. E Machado se impression­aria com as novidades que movimentam o bairro de mesmo nome, ainda residencia­l, de resistente­s e baixas construçõe­s do século passado.

O rock é a trilha sonora de bares recémabert­os na Barra Funda, como o Scar e o A Dama e os Vagabundos, assim como tem sido há anos no veterano Bar do Val. Para estender a noite sem atrapalhar a vizinhança, a baixada do viaduto Pacaembu, menos habitada, se encheu de baladas, como o V.U. e o Fabrique.

Do outro lado da linha do trem, se instalou a alta cozinha, com dois dos mais destacados restaurant­es da capital, o Capivara e o Komah. E o espaço cultural Breu foi se juntar ao centenário Theatro São Pedro e ao moderno Memorial da América Latina. Aprofunde-se.

ESPAÇOS CULTURAIS Espaço Breu

Ocupando um galpão no bairro há pouco mais de um ano, o Breu é uma mistura de galeria, ateliê e espaço para performanc­es e oficinas. No vão livre do primeiro andar, recebe exposições, cursos e debates. No segundo piso estão localizado­s os ateliês de experiment­ação de seis artistas: Gabriel Pitan Garcia, Júlio Lapagesse, Pedro Ivo Verçosa, Rafaela Foz, Renata Casagrande e Virgílio Neto. Até o dia 7/8, o local apresenta a série de pinturas “Arquétipos”, de Renato Rios, em diálogo visual com o conjunto de esculturas “Cubo”, de Laura Vinci. No próximo dia 8/8, começa um curso sobre criação artística e as ideias do filósofo francês Henri Bergson com o professor Franklin Leopoldo e Silva e o pesquisado­r Marcos Camolezi, ambos da USP.

R. Barra Funda, 444, Barra Funda, tel. 3663-6899. Qua. a sex.: 15h às 18h. Sáb.: 11h às 15h. Livre. GRÁTIS aw

Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel

O local é uma das unidades da galeria que um dia se chamou Fortes Vilaça e que hoje é tocada por Márcia Fortes, Alessandra d’Aloia e Alexandre Gabriel. Há ainda seções na Vila Madalena e no Rio. O vasto espaço do galpão da Barra Funda permite mostras com obras em grandes formatos. Até sábado (28), a dupla formada pelo britânico Simon Evans e pela americana Sarah Lannan, que já esteve na 27ª Bienal de São Paulo e expôs no Palais de Tokyo, em Paris, exibe 15 trabalhos inéditos, criados a partir de colagens de objetos cotidianos encontrado­s nas ruas. A instalação que dá nome à mostra, “Shopping Chão”, é inspirada no comércio informal do Rio de Janeiro, onde a dupla morou por três meses.

R. James Holland, 71, Barra Funda, tel. 3392-3942. Ter. a sex.: 10h a às 19h. Sáb.: 10h às 18h. Até 28/7. Livre. fdag.com.br. GRÁTIS

Galpão Tripé de Circo e Teatro

Este galpão que antes servia de depósito de material de construção em meio a casas e prédios baixos ganhou vida nova em 2015. Hoje, ele abriga três companhias de teatro e circo: a Cia. do Funil, a Rué La Companhia e o Circo di Sóladies. Sem atividades agendadas na sede, a Cia. do Funil está se apresentan­do em festival na Espanha, o grupo de palhaças mulheres Sóladies mostra em seu canal de YouTube um diário de bordo da criação do novo espetáculo, “Choque-Rosa”, e os atores e palhaços da Rué La Companhia promovem apresentaç­ões que misturam circo e literatura em biblioteca­s municipais. A próxima acontece na quinta (2), na biblioteca Raul Bopp, na Aclimação, às 14h.

R. Lopes Chaves, 72, Barra Funda, tel. 3661-5205. 50 lugares. Seg. a sex.: 14h às 22h. Livre. Não aceita cartões. dw

Kasulo - Espaço de Cultura e Arte

A antiga Cia. Borelli, do coreógrafo Sandro Borelli, agora se chama Cia. Carne Agonizante e ocupa, desde 2009, esta sobreloja junto da Cia Fragmento de Dança, de Vanessa Macedo. O local é palco de apresentaç­ões de dança, workshops e cursos. Em agosto, oferece aulas para bailarinos. O projeto mensal Terça Aberta no Kasulo, em que artistas mostram seus trabalhos de dança, teatro ou performanc­e acontece no dia 7/8, às 17h. Após a apresentaç­ão, o público conversa com Macedo e a atriz Janaína Leite, curadoras do projeto.

R. Sousa Lima, 300, sobreloja, Barra Funda, tel. 3666-7238. Seg. a w dom.: 17h30 às 22h. 18 anos. Não aceita cartões.

Teatro do Núcleo Experiment­al

O espaço é da companhia Núcleo Experiment­al, e de seu braço infantil, o Teatro do Bardo, dos diretores Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia. A companhia, que nasceu em 2005 com o intuito de investigar novos autores e readaptar clássicos, esteve recentemen­te no Sesc Consolação com “1984”, espetáculo pelo qual concorre ao prêmio Shell de melhor cenário e que volta ao cartaz em outubro, no Teatro Porto Seguro. Por enquanto a casa não tem programaçã­o para os próximos dias, mas dá para tomar um chá ou um expresso no Café do Núcleo, que fica no hall. R. Barra Funda, 637, Barra Funda, tel. 3259-0898. 65 lugares. Seg. a sex.: 9h às 18h. adw

VEM AÍ Ateliê Dragão

Os artistas plásticos Frederico Heer, Guilherme Boso e Tobias Barletta abrem, na segunda quinzena de agosto, este espaço que promete reunir ateliês para uso coletivo com orientação técnica, oficinas e workshops. No segundo andar do edifício, eles estão montando uma gráfica artesanal com prensas para serigrafia, xilogravur­a e gravura em metal.

R. Dr. Sérgio Meira, 41, Barra Funda. ateliedrag­ao@gmail.com

COMES E BEBES A Baianeira

No começo, a casa da chef Manuelle Ferraz servia apenas saborosos pães de queijo feitos com queijo de leite cru que ela busca em sua terra, o Vale do Jequitinho­nha, e que ainda dão as caras por ali. Desde o início deste ano, contudo, Ferraz passou a se dedicar mais às receitas do dia a dia, com sabores da roça e que, por ali, buscam combinar temperos do norte de Minas e da Bahia. Entre as receitas, podem aparecer o nhoque de batata-doce com creme de requeijão de corte ou o picadinho.

R. Da. Elisa, 117, Barra Funda, tel. 2538-0844. 17 lugares. Ter. a sáb.: 9h às 17h. alw

A Dama e os Vagabundos

O rock sai da vitrola do bar e é tema de cartazes, quadros e tudo o mais desta casa com ar vintage. Aconchegad­o num sofá ou numa das mesas na calçada, dá para pedir o Porco de Tira, costelinha de porco cortada em tira com mandioca na manteiga de garrafa e queijo de coalho tostado com mel ou o pão com linguiça, com chimichurr­i e cebolete. Para beber, há drinques clássicos como o boulevardi­er e o Tom Collins, e criações da casa, como o CFC, com Cynar, Fernet e Campari, além de cervejas e doses.

R. Sousa Lima, 43, Barra Funda, s/ tel. 30 lugares. Qua. a sex.: 18h às 22h30. Sáb.: 15h às 22h30. Não aceita tíquetes. dlw

Alquimia Rotisseria e Restaurant­e

Numa simpática casinha amarela de esquina fica este restaurant­e com cara de interior, ornado com utensílios de cozinha em cobre e pratos decorativo­s pendurados nas paredes. Além de comida para levar, como massas e carne de porco (destaque para o joelho), há também mesas nas partes interna e externa, com guarda-sóis, onde dá para provar risotos ou ostras gratinadas.

R. Sousa Lima, 174, Barra Funda, tel. 3667-2600. Seg. e ter.: 8h às 19h. Qua. a sex.: 8h às 21h. Sáb. e dom.: 8h às 18h. arw

Armazém Garnizé

Inaugurado em outubro, o barzinho de estilo hipster e trilha sonora roqueira fica numa área bem tranquila do bairro, atrás da paróquia São Geraldo das Perdizes. Da cozinha saem tábuas de frios e embutidos, montadas com ingredient­es à escolha do cliente (há opções como queijos serra da Canastra ou meia cura, pancetta e chorizo espanhol), além de hambúrguer­es. Para beber, oferece chopes e cervejas especiais.

Lgo. Pe. Péricles, 110, Barra Funda, tel. 3662-0073. 44 lugares. Ter. a sex.: 17h às 23h. Sáb.: 16h às 23h30. Dom.: 16h às 22h30. rlw

Bar do Zóio

Vizinho a uma praça e pertinho do Minhocão, o boteco reúne público animado com apresentaç­ões de música ao vivo e rodadas de cerveja em garrafa de 600 ml. O menu de comes reúne clássicos de bar: frango a passarinho, fritas, salgados —faz sucesso a coxinha— e sanduíches na chapa.

R. Conselheir­o Brotero, 590, Barra Funda, tel. 3661-9175. 60 lugares. Seg. a sáb.: 6h às 24h. Dom.: 8h às 22h. dmlw

Bendito Café

O simpático café de clima familiar abriu as portas em janeiro. As bebidas quentes seguem a linha tradiciona­l —há expresso, macchiato e cappuccino. O café coado é no estilo drip coffee, servido em sachê individual e preparado na mesa. Para adoçar, aposte na sericaia, doce português feito com gemas, açúcar e leite condensado. Atenção ao sorvete de tapioca, preparado ali mesmo.

R. Lavradio, 503, Barra Funda, tel. 4117-6024. 48 lugares. Seg. a qui.: 7h30 às 19h30. Sex.: 7h30 às 23h. rlyw

Brioche Brasil

O francês Christophe Guillard prepara delícias folhadas e pães saborosos numa portinha embaixo do Minhocão. São expostos em uma mesa logo na entrada os produtos do dia, como brioches, pains au chocolat, croissants, folhados de amêndoas e quiches. Há uma mesinha com assentos para quem não puder aguentar chegar em casa.

R. das Perdizes, 25, Barra Funda, tel. 98115-0834. 8 lugares. Seg. a sex.: 9h às 16h. Sáb.: 8h às 14h. y

Caza Braza

Uma portinha ao lado do açougue de mesmo nome abriga o restaurant­e, com inauguraçã­o prevista para esta sexta (27). A especialid­ade ali, é claro, são as carnes. Assados em porções de 200 g ou 500 g, em cortes como costela, cupim ou frango, recebem acompanham­entos como vinagrete, farofa ou queijo de coalho. Para beber, fique com a cerveja em garrafa de 600 ml ou com os drinques, como o gim-tônica.

R. Barra Funda, 601, Barra Funda, tel. 2537-4587. 35 lugares. Ter. a sex.: 16h às 24h. Sáb. e dom.: 11h às 24h. rw

Deep Bar 611

O bar é o representa­nte dos pubs no bairro. Das caixas de som saem hits de rock, além de jazz e blues. O menu traz fish and chips e hambúrguer­es. Para beber, oferece 45 rótulos de cerveja especiais mais os chopes da casa, da marca Cirkus, de estilo american IPA ou dry stout.

R. Barra Funda, 611, Barra Funda, tel. 4304-0611. Ter. a sáb.: 18h15 à 1h. Não aceita tíquetes. arw

Dali Daqui

A marca do bar, uma imagem do pintor espanhol Salvador Dalí vestindo o adereço de cabeça de Carmem Miranda, indica a irreverênc­ia e a mistura de culturas que se encontram por ali.

O menu traz receitas de lá, como os bolinhos de paella recheados de presunto cru e rúcula, e de cá, caso dos bolinhos de feijoada. Na ala dos drinques, os destaques são os chupitos —shots de 50 ml ou de 100 ml—, como o Salamanco, que mistura rum, vermute, Campari e suco de limão.

R. Conselheir­o Brotero, 71, Barra Funda, tel. 2387-8123. Ter. a sex.: 18h à 1h. Sáb.: 17h às 2h. Não aceita tíquetes. Couv. art.: R$ 10 a R$ 20. rmlw

Lá da Vendinha

No bairro desde 2015, aloja de fábrica do restaurant­e empório Lá da Venda,d eH eloís aB acel lar, oferece almoço dese gunda a sexta, além de cafés, bolos e,é claro, seu famoso e premiado pão de queijo. Os pratos, servidos em marmitas de plástico, variam acada dia. R. Lopes Chaves, 402A, Barra Funda, tel. 3868-1407. 8 lugares. w Seg. a sex.: 11h às 17h.

Pollo Loko

A casa é uma das 11 unidades na capital da rede de frango frito que nasceu em 2015 no Bom Retiro. Criada por coreanos, atende no local e entrega em casa a farta caixa de pedaços de frango. O cardápio é enxuto: há porções só de peito, só de asa e coxa, e a mista, com batata rústica e molhos como mostarda e mel ou alho. R. Barra Funda, 606, Barra Funda, tel. 99849-0120. Ter. a dom.: 17h às 22h30. Não aceita tíquetes. $ ryw

Scar

Pôsteres de bandas de punk rock e de hardcore enfeitam o bar, que ocupa um charmoso imóvel dos anos 1950, de paredes azul-bebê e balcão cor-de-rosa. É dali que saem os coquetéis —o Filomeno, com gim infuso em blueberry, limão, licor de laranja e clara de ovo, é criação de lá. Para comer, fique com porções como a de falafel ou com os sanduíches de mozarela ou pastrami, ingredient­es produzidos no local.

R. Margarida, 30, Barra Funda, s/ tel. Qua. a sex.: 18h às 24h. Sáb.: 15h às 24h. Não aceita tíquetes.

Quinzeiro

Nesta casa de esquina de pé-direito alto e salão amplo, o palco e a decoração com discos de vinil indicam a vocação para receber apresentaç­ões de música ao vivo, que rolam todo fim de semana. Os estilos variam entre MPB, samba e rock. Durante o almoço, serve pê-efes e cuscuz nordestino.

R. Conselheir­o Brotero, 506, Barra Funda, tel. 3661-0975. 100 lugares. Ter. a dom.: 11h às 23h. Couv. art.: R$ 5 a R$ 15. rmlw

Restaurant­e Casa do Norte

O espaço oferece comida nordestina, farta e saborosa, no almoço e no jantar. Para acompanhar o baião de dois com carne de sol ou o escondidin­ho, peça a cerveja de garrafa ou a caipirinha (e escolha entre mais de 50 rótulos de cachaças).

R. Barra Funda, 341, Barra Funda, tel. 3662-1434. 100 lugares. Seg. a sáb.: 7h às 23h30. Dom.: 9h às 18h. $ rw

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Espaço cultural Breu
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Alberto Rocha/Folhapress Parede do bar Scar, na rua Margarida
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Fotos Alberto Rocha/Folhapress Bar A Dama e os Vagabundos, aberto em setembro
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Sanduíche de pastrami artesanal do Scar

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