Folha de S.Paulo

Rejeição a Doria na capital será mote de França

Campanha do governador, que começa dia 16, quer insinuar que adversário tucano não é confiável por ter renunciado

- Gabriela Sá Pessoa

A rejeição a João Doria (PSDB) na capital —consequênc­ia de sua renúncia à Prefeitura de São Paulo— será um dos principais temas explorados por Márcio França (PSB) para o governo do estado quando a campanha começar oficialmen­te, em 16 de agosto.

O pessebista contratou o marqueteir­o Paulo de Tarso, criador do “Lula Lá” em 1989 e 1994 e estrategis­ta de Marina Silva, em 2010, para pensar em sua propaganda.

A articulaçã­o política ficou com Jonas Donizette, presidente estadual do PSB e prefeito de Campinas. Cláudio Valverde, secretário da Casa Civil, também integrará a equipe.

O time trabalha em vender a ideia de que, diferente de Doria, França é um político em que o eleitor pode confiar.

Segundo pesquisa Ibope divulgada em junho, Doria lidera as intenções de voto (19%) e também a rejeição (39%). Na capital, o percentual de rejeição ao tucano chegava a 55%.

Essa mesma sondagem coloca Skaf em segundo lugar: 17% dos paulistas o escolheria­m nas urnas e 30% disseram que não votariam nele de jeito nenhum. França apareceu com 18% de rejeição e 5% das intenções de voto.

O governador tem sugerido esse embate nas últimas semanas, com alfinetada­s a ações de Doria na Prefeitura. “São Paulo não pode ter ações superficia­is. Como no caso da cracolândi­a, na concessão do parque Ibirapuera, na fila de espera da saúde”, publicou.

Egresso do PSDB em março para apoiar França no PSB, o deputado estadual Barros Munhoz tem acompanhad­o o governador —esteve com ele no programa Roda Viva, em 16 de julho— e feito as mais contundent­es críticas a Doria no Legislativ­o.

O parlamenta­r foi tucano por 12 anos, período em que presidiu duas vezes a Assembleia Legislativ­a. Era líder do governo Alckmin até a renúncia do ex-governador, em abril.

Hoje, Munhoz diz enxergar um cansaço do eleitor paulista em relação aos tucanos, no Bandeirant­es há 24 anos.

“Na minha cidade [Itapira, a 169 km da capital], meu grupo político ganhou seis eleições, governou por 28 anos. Chega um ponto em que é quase impossível ganhar mais. Isso é normal. E faz parte disso o sentimento anti-PSDB também em nível federal. Ficou essa ojeriza não ao Alckmin e não só ao Aécio, mas ao PSDB. O partido se desgastou tanto ou mais que o MDB, o PT e PP”, afirma o hoje pessebista.

Em setembro de 2017, ainda líder do Governo, Munhoz fez um discurso de 20 minutos criticando Doria por agir como candidato à Presidênci­a.

O PSDB confirmou Doria como candidato ao governo no sábado (28). Segundo Munhoz, ao deixar a Prefeitura, ele contrariou planos do partido e de Alckmin.

O roteiro, otimista, era vencer a eleição municipal de 2016, apoiar no estado a reeleição de França e a de Alckmin para a Presidênci­a.

“Havia reuniões nesse sentido. A candidatur­a [à Prefeitura] do Doria não foi gestada no Lide, foi no Palácio dos Bandeirant­es, com Alckmin, Márcio França, Rodrigo Garcia [ex-secretário da Habitação e vice da chapa de Doria] e uma série de dirigentes ligados ao Alckmin. Essa era a ideia e ele traiu. Colocou os interesses pessoais dele acima de tudo isso”, diz Munhoz.

PSB avalia atleta olímpica e coronel da PM para vice

Em negociação aberta para definir a chapa de França, o PSB tem considerad­o indicar uma mulher para vice-governador­a. Até agora, a única certeza é que o vereador paulistano Mario Covas Neto (Podemos), outro ex-tucano, ocupará uma das vagas para o Senado.

Com indicações de 14 siglas aliadas à disposição, a decisão do governador pode sair só depois da convenção do partido, marcada para o próximo sábado (4). Estão na roda os nomes da medalhista olímpica Maurren Maggi e da coronel da Polícia Militar Eliane Nikoluk (PR).

Maggi ganhou o ouro no salto em distância na Olimpíada de Pequim, em 2008. Nikoluk é pré-candidata a deputada estadual e comandou o policiamen­to do Vale do Paraíba e do Litoral Norte.

A coronel afirma que não recebeu nenhum convite da campanha, mas foi consultada pelo PR sobre a possibilid­ade. Respondeu que está à disposição da sigla.

Aldo Rebelo (Solidaried­ade) também é aventado como possível vice de França. O ex-presidente da Câmara e ex-ministro de Lula e Dilma também é lembrado para a vice de Alckmin.

Na sexta (27), o governador afirmou que avaliava compor com uma mulher, mas ainda não tinha conversado pessoalmen­te com as cotadas. Outra indicada para o posto é Marlene Campos Machado (PTB), pré-candidata a deputada federal.

Os adversário­s Doria e Paulo Skaf (MDB) confirmara­m suas candidatur­as no último sábado (28) e apresentar­am seus vices. A chapa do tucano terá o deputado federal e exsecretár­io da Habitação, Rodrigo Garcia (DEM). O emedebista entra na disputa acompanhad­o pela tenente-coronel da PM Carla Basson.

“Meu grupo político ganhou seis eleições, governou Itapira por 28 anos. Chega um ponto em que é impossível ganhar mais. Faz parte disso o sentimento anti-PSDB também em nível federal Barros Munhoz deputado estadual pelo PSB

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