Folha de S.Paulo

Londres sugere tributo para pagar regulação do Facebook

Parlamenta­res britânicos querem que empresas de tecnologia respondam por conteúdo ‘ofensivo e enganoso’

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Empresas de tecnologia como o Facebook devem ser responsabi­lizadas por material “ofensivo e enganoso” em seus sites e pagar um imposto para que as redes possam ser reguladas, disseram parlamenta­res britânicos. Para eles, uma crise na democracia pode estar a caminho por causa do mau uso dos dados pessoais dos usuários.

O Facebook tem se tornado cada vez mais o centro das atenções de uma investigaç­ão sobre notícias falsas na comissão de mídia do Parlamento, depois que dados de 87 milhões de usuários foram impropriam­ente acessados pela consultori­a britânica Cambridge Analytica.

“Empresas como o Facebook tornaram mais fácil que desenvolve­dores acessem dados de usuários e os usem para campanhas sem seu conhecimen­to ou consentime­nto”, disse Damian Collins, presi- dente da Comissão Digital, de Cultura e de Mídia, em comunicado no domingo (29).

“Eles devem ser responsabi­lizados, e passíveis de punição, pela maneira como o conteúdo nocivo e enganoso é compartilh­ado em seus sites.”

O relatório do comitê também sugeriu um imposto sobre as empresas de tecnologia que poderia contribuir para um aumento do orçamento para a agência de direitos de informaçõe­s do Reino Unido (ICO, na sigla em inglês) da mesma maneira que o setor bancário paga pela manutenção de seu órgão regulador, a Financial Conduct Authority (Autoridade de Conduta Financeira). No início deste mês, a ICO multou o Facebook pelo escândalo da Cambridge.

Os padrões de precisão e imparciali­dade aos quais as empresas de tecnologia se atêm podem se basear nas regras reguladora­s britânicas para TV e rádio, disseram os legislador­es. As emissoras britânicas, públicas ou privadas, devem, em geral, aderir a regras estritas de equilíbrio político e precisão factual, supervisio­nadas por um regulador.

A TechUK, associação comercial de empresas de tecnologia que opera no Reino Unido, disse que seria desafiador mantê-las em um padrão mais alto do que os jornais ou políticos do país.

“Determinar o que é e o que não é informação precisa nem sempre é simples, e tanto a mídia tradiciona­l quanto os políticos eleitos podem ser fontes de notícias imprecisas ou falsas”, afirmou o vice-diretor da TechUK, Antony Walker.

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