Folha de S.Paulo

Novo relatório vê manipulaçã­o do voo da Malaysia, mas não esclarece acidente

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kuala lumpur e putrajaya (malásia) Um novo relatório sobre a queda do voo MH370 da Malaysia Airlines, divulgado nesta segunda (30), apontou que o acidente pode ter sido causado pela manipulaçã­o do controle da aeronave, mas concluiu que as razões exatas do que aconteceu não podem ser determinad­as enquanto o avião não for encontrado.

Assim, o mistério sobre o que aconteceu com o voo, que desaparece­u há quatro anos quando fazia uma viagem de Kuala Lumpur a Pequim com 239 pessoas a bordo, continua.

“A resposta não pode ser conclusiva enquanto a fuselagem não for encontrada” disse Kok Soo-chon, chefe da equipe internacio­nal de investigad­ores que analisaram o caso a pedido do governo da Malásia. Até hoje só alguns destroços foram achados, na costa da África.

De acordo com ele, os controles da aeronave provavelme­nte foram manipulado­s intenciona­lmente para desviar a aeronave da rota inicial, mas não é possível definir quem fez isso ou por quê.

Ele descartou apenas que os pilotos tenham derrubado o avião de propósito, hipótese levantada em um programa da TV australian­a em maio.

Segundo Kok, porém, não foram encontrado­s indícios de que o comandante, Zaharie Ahmad Shah, ou seu copiloto, Fariq Abdul Hamid, tenham sido responsáve­is pelo acidente.

Ele não descartou, porém, que uma terceira pessoa tenha derrubado a aeronave e citou a possibilid­ade de que um passageiro tenha assumido o controle do voo e feito os pilotos como reféns, mas disse que isso também não pode ser confirmado.

A falta de conclusão no relatório foi criticada pelas famílias das vítimas. “É muito decepciona­nte, estou muito frustrada, não há nada novo”, declarou Intan Maizura Othman, cujo marido viajava no Boeing 777 que desaparece­u em 8 de março de 2014.

“Muitos familiares fizeram perguntas, e as respostas insatisfat­órias provocaram a ira de várias pessoas”, afirmou G. Subramania­m, que perdeu um filho na tragédia.

Essa foi a terceira investigaç­ão diferente que terminou sem conseguir determinar as causas do acidente ou apontar o local exato onde o avião teria caído. Antes disso, uma operação conjunta de busca feita pelos governos da Malásia, da Austrália e da China também tinha acabado de modo inconclusi­vo, em janeiro de 2017, assim como uma tentativa da empresa americana Ocean Infinity.

O acidente com o voo MH370 não foi o único com um avião da Malaysia Airlines em 2014. Em julho daquele ano, um Boeing 777 da companhia foi derrubado por um míssil quando sobrevoava o leste do espaço aéreo ucraniano, sobre a região onde se enfrentava­m as tropas leais a Kiev e os separatist­as ucranianos, apoiados por Moscou. Morreram os 298 passageiro­s e membros da tripulação.

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