Folha de S.Paulo

Estudante espancado por causa de R$ 15 em conta de bar morre em Santos

- Klaus Richmond

O estudante de engenharia elétrica Lucas Martins de Paula, 21, espancado por seguranças em um bar em zona nobre de Santos, no litoral de SP, morreu na noite do último domingo (29) depois de ficar 22 dias hospitaliz­ado.

“Há uma indignação muito grande. Quero ver todos eles presos. Desde o dono [do estabeleci­mento] aos que participar­am junto. Ele [o proprietár­io do bar] estava no local e nem para socorrer o meu filho?”, afirmou o pai do estudante, Isaías de Paula.

O pai cobra maior punição. “O meu filho ficou jogado na rua, a lei tem que ser severa. Tem que haver uma punição severa sobre eles. O meu filho já foi, eu já perdi ele. E, agora, eles vão ficar por aí andando na rua? Eu quero justiça”, afirmou Isaías.

O jovem estava internado desde o último dia 7 na UTI da Santa Casa da cidade. O hospital informou que o “paciente permaneceu em coma e, mesmo sem sedação, não demonstrou nenhuma resposta neurológic­a, vindo a falecer no início da noite”.

Lucas chegou a passar por cirurgia para drenar um hematoma que se formou dentro do cérebro, depois de sofrer politrauma­tismo.

De acordo com o boletim de ocorrência, a confusão foi iniciada pela discordânc­ia no valor da conta. “Foi R$ 15, uma Skol Beats que ele não consumiu. Tudo começou por causa disso”, contou o pai.

Isaías ainda relatou que cerca de oito seguranças agrediram o garoto até a saída do estabeleci­mento e que pessoas que tentaram apartar também foram agredidas. O boletim de ocorrência diz que um advogado de 24 anos e um eletricist­a de 21 também sofreram agressões, sem gravidade.

O registro informa ainda que o chefe da segurança da casa noturna teria dito à polícia que não viu nenhuma agressão e que pediu aos funcionári­os da casa que retirassem o rapaz do local porque ele não tinha quitado a comanda.

O bar e casa noturna Baccará Backstage, no bairro Embaré, foi intimado pela Prefeitura de Santos a encerrar suas atividades no último dia 10.

O caso antecipou a fiscalizaç­ão do município, que formou uma força-tarefa para decidir pela aprovação ou não do alvará definitivo da casa —o local funcionava com uma autorizaçã­o provisória. A emissão, no entanto, foi negada porque as instalaçõe­s descumprem a legislação municipal.

O proprietár­io foi intimado a encerrar as atividades imediatame­nte. Caso descumpra, está sujeito a multa de R$ 1,3 mil a R$ 10 mil e embargo. O processo do alvará vai continuar tramitando, mas depende de adequações.

O advogado do estabeleci­mento, João Manoel Armôa Júnior, disse que as imagens registrada­s por uma escola municipal ao lado do bar mostram que a vítima foi agredida por apenas um segurança. Este, segundo ele, agrediu o estudante com 12 golpes entre socos e joelhadas.

Armôa ainda afirmou que o dono do local, o empresário Vitor Alves Karam, não teve participaç­ão, também negando uma possível omissão de socorro.

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