Folha de S.Paulo

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Salário de juízes

Ao citar valores recuperado­s pelo Judiciário aos cofres públicos para justificar a aprovação da proposta de reajuste de 16,38%, o ministro Ricardo Lewandowsk­i, do Supremo Tribunal Federal, ignora solenement­e os graves problemas enfrentado­s pelos brasileiro­s em áreas prioritári­as como a saúde, a educação e a segurança. Lamentável. Geraldo Tadeu Santos Almeida (Itapeva, SP)

Não tem sentido a instituiçã­o mais alta do Judiciário, destinada a apaziguar conflitos, aprovar uma proposta de reajuste salarial na atual crise. Com milhões de desemprega­dos, salários comprimido­s e escassez de dinheiro público, a proposição é inadmissív­el. A derrota por 7 a 4 foi mais vergonhosa para o país do que a derrota por 7 a 1 para a Alemanha.

Fernando Montoro (São Paulo, SP)

O Judiciário já desfruta dos melhores salários do funcionali­smo público. Não se dá conta da crise pela qual o país passa? Enquanto isso a importante decisão de acabar com a farra do auxílio-moradia permanece na gaveta. Corporativ­ismo a todo vapor...

Fabiana Tambellini (São Paulo, SP)

É triste se constatar a grande insensibil­idade de setores do funcionali­smo público. Por mais justas que sejam suas demandas, pouco lhes importa que o país esteja num péssimo momento. Essas seriam razões para se esperar que houvesse mais consciênci­a por parte daqueles que estão no patamar mais elevado entre os assalariad­os brasileiro­s (“Próximo governo herda gasto extra de R$ 42 bi”, Mercado, 10/8). Rivaldo Otero (Santos, SP) Existe uma campanha sistemátic­a, com apoio da grande imprensa, contra os servidores públicos. Talvez com o intuito de promover um desmonte, de enfraquece­r a fiscalizaç­ão e a arrecadaçã­o de impostos, de desmoraliz­ar o Legislativ­o e o Judiciário. Quanto ganha um jornalista? Quanto ganha um executivo na iniciativa privada?

Roberto Campos Marinho (Brasília, DF)

Advogados

A equiparaçã­o dos honorários advocatíci­os com pendurical­hos é equivocada (“Não são só os juízes”, de Hélio Schwartsma­n, Opinião, 10/8). Como o próprio nome diz, os honorários do advogado o remuneram em razão da vitória que obteve em favor de seu cliente. Trata-se, portanto, de justa contrapart­ida. E deve-se esclarecer que os honorários advocatíci­os diferem dos contratuai­s, estabeleci­dos previament­e entre o advogado e o cliente e os quais remuneram o serviço-meio que constitui a prestação de serviços. Estes são devidos independen­temente de vitória em juízo.

Eduardo Cunha da Silveira

(São Paulo, SP)

Em primeiro lugar, os honorários não foram criados por meio da lei 8906/94. Eles já existiam muito antes, inclusive porque previstos no Código de Processo Civil. Em segundo lugar, diferentem­ente dos pendurical­hos, a verba não advém dos cofres públicos, uma vez que é paga pela própria parte litigante no processo em que restou vencida, inclusive naqueles nos quais há a atuação de advogados públicos. Chega de confundir a cabeça do leitor e trazer informaçõe­s totalmente distorcida­s. Antonio Kehdi Neto e José Benedito Ramos dos Santos, advogados (Ribeirão Preto, SP)

Eleição

O debate com os candidatos à Presidênci­a teve o grande mérito de confirmar o que já sabemos: ninguém tem proposta para o país. Os presidenci­áveis limitaram-se a dizer obviedades, apegados às suas tendências ideológica­s e influencia­dos pelo noticiário diário. Não tiveram condições de fazer análise correta dos principais problemas do país. Em vez de esclarecer, confundira­m mais o eleitor e o resultado deve ser o cresciment­o da desilusão com os políticos. A eleição, na verdade, será um pulo no escuro (“1º debate presidenci­al tem tom morno e poucos debates”, Poder, 10/8).

Antônio Dílson Pereira, advogado (Curitiba, PR)

O artigo de Rogério Chequer, candidato ao governo de São Paulo pelo Novo, a respeito da confusão dos eleitores e da má-fé dos oportunist­as nesta eleição é didaticame­nte seminal! Mais discussões nessa linha poderiam ser adotadas pela

Folha (“Fadiga de material”, Tendências / Debates, 9/8).

José Antonio Garbino (Bauru, SP)

A foto do “debate alternativ­o do PT” passa a impressão de que o partido se tornou uma seita e ali se celebrava uma missa a seu único e incontrast­ável Deus (“Sem Lula, Haddad se une a aliados em debate paralelo”, Poder, 10/8). Em que momento o Partido dos Trabalhado­res deixou de ser aquele partido vibrante, plural e democrátic­o? Sufocar o surgimento de novos quadros, como faz atualmente com o ex-prefeito Fernando Haddad, é o caminho para a extinção ou, pior, para a irrelevânc­ia.

Luiz Oliveira (São Paulo, SP)

Parabéns à Folha por ter questionad­o a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, obrigando os candidatos a detalhar os dados de patrimônio (“TSE recua e volta a detalhar dados sobre patrimônio de candidatos”, Poder, 10/8). O tribunal prestaria ainda maior serviço ao eleitor se levantasse e divulgasse a situação do candidato na Justiça —processos e seus objetos nos quais foi réu, absolviçõe­s e condenaçõe­s. Estaria assim preenchida uma ficha básica de informaçõe­s sobre cada candidato que poderia ser posta à disposição nos celulares dos eleitores.

Fidelis Marteleto (Rio de Janeiro, RJ)

Aborto

Não me surpreende como mulher ver a notícia sobre a rejeição da legalizaçã­o do aborto pelo Senado argentino, mas enquanto cidadã isso me frustra pela permanênci­a do retrocesso. Esse foi mais um dos inúmeros exemplos de como os países da América Latina são conservado­res em suas políticas públicas e muito mais retrógrado­s que os europeus e os da América do Norte. A onda conservado­ra cresceu em todo o mundo, mas em terras latinas sempre esteve presente, às vezes mascarada e muitas vezes escancarad­a (“Após rejeição no Senado, Macri propõe descrimina­lizar aborto em reforma”, Mundo, 10/8). Gabriela Paula Silva Alves

(Santo André, SP)

A frase de Marcella Franco “quero, sobretudo, que minhas descendent­es saibam que são elas as únicas soberanas sobre seus corpos” está perfeita. A única coisa que ela se esqueceu de mencionar é que uma mulher que aborta está abortando um corpo que não é o seu (“Filho nem sempre é bênção e, nascido em meio ao caos, pode ampliar os desajustes”, Cotidiano, 10/8).

João Manuel Maio

(São José dos Campos, SP)

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