Folha de S.Paulo

De desconheci­do a protagonis­ta no debate, Cabo Daciolo tem ideias como as de Bolsonaro

- Talita Fernandes

Embora não figure em nenhuma pesquisas de intenção de voto, Cabo Daciolo (Patriota) foi um dos candidatos mais comentados durante o primeiro debate presidenci­al, na quinta-feira (9).

Ele roubou a cena no encontro entre oito presidenci­áveis, promovido pela TV Bandeirant­es, ao prometer reduzir o preço da gasolina em 50% e acabar com 400 bilhões de sonegadore­s, embora o Brasil tenha uma população de 209 milhões de habitantes.

“Glória a Deus”, disse o candidato de 42 anos ao se apresentar ao eleitor. Daciolo é natural de Florianópo­lis e egresso do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Está em seu primeiro mandato como deputado federal e foi escolhido de última hora pelo Patriota para disputar o Planalto, depois que Jair Bolsonaro preferiu trocar o PSC pelo PSL.

Em menos de quatro anos, passou por três legendas: foi eleito pelo PSOL em 2014, mas filiou-se ao PT do B (hoje Avante) em 2016, após ser expulso do primeiro partido.

Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos entrou na política depois de ter liderado a greve de bombeiros do Rio, em 2011. Foi convidado pelo PSOL a disputar uma vaga na Câmara em 2014, mas a relação azedou antes da posse.

A primeira polêmica foi a aproximaçã­o com Bolsonaro, com quem postou uma foto nas redes sociais. A expulsão só se deu em 2015, quando o deputado quis alterar o 1º artigo da Constituiç­ão, substituin­do “povo” por “Deus” na frase “todo poder emana do povo”.

Sua passagem pela Câmara rendeu 139 proposiçõe­s e só uma foi aprovada: uma

“O que eu vou falar aqui vai parecer uma loucura para muitos. Eu prefiro a loucura de Deus do que a sabedoria dos homens

Cabo Daciolo deputado federal, em discurso na Câmara, em julho

emenda que estende a anistia a bombeiros e policiais, concedida em 2011 ao Pará. Essa legislação o beneficiou. Ao liderar greve no Rio, Daciolo chegou a ser preso em Bangu, quando perdeu o cargo. Em maio deste ano, ele apoiou a greve dos caminhonei­ros.

Suas falas se assemelham ao discurso de Bolsonaro: critica a velha política, a corrupção, evoca Deus e os valores da família. Assim como o capitão reformado do Exército, diz que estrangeir­os, como os chineses, estão comprando o Brasil.

Outra proposta parecida é a defesa do voto impresso.

Daciolo anda sempre com uma Bíblia nas mãos, livro que carrega até quando se senta para fazer uma refeição no cafezinho da Câmara dos Deputados. Se eleito, ele promete levar o Brasil a clamar ao Senhor.

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