Folha de S.Paulo

Em debate, Bolsonaro joga pelo empate e PT tem 1º prejuízo real

Na Band, Alckmin vestiu figurino da política e Marina cercou eleitor do tucano

- Bruno Boghossian

No primeiro debate televisivo com os candidatos à Presidênci­a em 2018, realizado na quinta (9) pela Bandeirant­es, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi o alvo preferenci­al dos adversário­s.

Mas quem chamou a atenção foi Cabo Daciolo (Patriota), que, com seu perfil pitoresco, se tornou mais conhecido e formou dobradinha com Jair Bolsonaro (PSL), que, porém, adotou tom mais ameno.

Veja o saldo do debate.

Bolsonaro abaixa o tom

O capitão reformado jogou pelo empate: em tom mais ameno do que de costume, reforçou as fronteiras de seu nicho com discursos contra a esquerda, oferta de armas para a população e propostas de militariza­r instituiçõ­es.

A estratégia é se manter no patamar atual para beliscar

uma vaga no segundo turno.

Alckmin vira alvo dos rivais

Sob ataque de boa parte dos rivais por sua aliança com o centrão, o tucano vestiu o figurino da política tradiciona­l. Experiment­ou usar essa imagem a seu favor, apresentan­do-se como gestor experiment­ado, mas escorregou no excesso de vocabulári­o técnico.

Ausente, PT desaparece

A decisão do PT de boicotar os primeiros atos de campanha, insistindo na participaç­ão do ex-presidente Lula, pode ter dado seu primeiro prejuízo concreto.

No debate da Band, o partido parecia estar fora do jogo: à exceção de algumas referência­s, a sigla foi citada de forma passageira.

Ciro perde oportunida­de

Em aparente exercício de moderação, Ciro Gomes (PDT) adotou uma postura tímida na oposição ao presidente Michel Temer, a quem já chamou de “chefe de quadrilha”. Com críticas específica­s ao governo, perdeu a oportunida­de de se colocar como a opção para milhões de eleitores insatisfei­tos com a gestão atual.

Marina cerca eleitor do PSDB

Marina Silva (Rede) fez ataques cirúrgicos a Alckmin, em especial nos sucessivos esforços para associá-lo aos partidos do centrão que o apoiam. A candidata conquistou eleitorado de centro nas eleições de 2010 e 2014 que tem perfil semelhante ao do tucano. Ela teme ser desidratad­a caso Alckmin comece a crescer.

Alvaro Dias evoca Moro

Desconheci­do, Alvaro Dias (Podemos) tentava falar o nome de Sergio Moro sempre que podia. Em um debate monótono e pulverizad­o, o senador paranaense buscou se escorar em uma figura popular. Repetia que já convidou o juiz para ser ministro da Justiça.

Daciolo sai em vantagem

O perfil pitoresco de Cabo Daciolo (Patriota) fez com que ele fosse o único beneficiár­io incontestá­vel do evento. O ex-bombeiro se tornou mais conhecido, podendo atrair um voto de protesto, e, de quebra, ainda serviu para formar dobradinha com Jair Bolsonaro e atacar a política tradiciona­l.

Boulos surge como Lula de 89

Guilherme Boulos (PSOL) foi comparado ao Lula da campanha de 1989 com sua defesa enfática de trabalhado­res e ataques ao sistema financeiro. A diferença é que Lula se acotovelav­a apenas com Leonel Brizola naquela eleição para chegar ao segundo turno. Boulos terá mais desafios.

Meirelles nem de escada serve

Com um discurso ainda escorregad­io e pouco convincent­e, Henrique Meirelles (MDB) saiu apagado do debate. O exministro da Fazenda teria ganhado alguma exposição se fosse usado como escada pelos adversário­s para ataques ao presidente Michel Temer, mas nem isso ocorreu.

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Marlene Bergamo/Folhapress A partir da esq., os candidatos Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Marina Silva, Cabo Daciolo, Guilherme Boulos, Henrique Meirelles, Jair Bolsonaro e Alvaro Dias no debate
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