Em debate, Bolsonaro joga pelo empate e PT tem 1º prejuízo real
Na Band, Alckmin vestiu figurino da política e Marina cercou eleitor do tucano
No primeiro debate televisivo com os candidatos à Presidência em 2018, realizado na quinta (9) pela Bandeirantes, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi o alvo preferencial dos adversários.
Mas quem chamou a atenção foi Cabo Daciolo (Patriota), que, com seu perfil pitoresco, se tornou mais conhecido e formou dobradinha com Jair Bolsonaro (PSL), que, porém, adotou tom mais ameno.
Veja o saldo do debate.
Bolsonaro abaixa o tom
O capitão reformado jogou pelo empate: em tom mais ameno do que de costume, reforçou as fronteiras de seu nicho com discursos contra a esquerda, oferta de armas para a população e propostas de militarizar instituições.
A estratégia é se manter no patamar atual para beliscar
uma vaga no segundo turno.
Alckmin vira alvo dos rivais
Sob ataque de boa parte dos rivais por sua aliança com o centrão, o tucano vestiu o figurino da política tradicional. Experimentou usar essa imagem a seu favor, apresentando-se como gestor experimentado, mas escorregou no excesso de vocabulário técnico.
Ausente, PT desaparece
A decisão do PT de boicotar os primeiros atos de campanha, insistindo na participação do ex-presidente Lula, pode ter dado seu primeiro prejuízo concreto.
No debate da Band, o partido parecia estar fora do jogo: à exceção de algumas referências, a sigla foi citada de forma passageira.
Ciro perde oportunidade
Em aparente exercício de moderação, Ciro Gomes (PDT) adotou uma postura tímida na oposição ao presidente Michel Temer, a quem já chamou de “chefe de quadrilha”. Com críticas específicas ao governo, perdeu a oportunidade de se colocar como a opção para milhões de eleitores insatisfeitos com a gestão atual.
Marina cerca eleitor do PSDB
Marina Silva (Rede) fez ataques cirúrgicos a Alckmin, em especial nos sucessivos esforços para associá-lo aos partidos do centrão que o apoiam. A candidata conquistou eleitorado de centro nas eleições de 2010 e 2014 que tem perfil semelhante ao do tucano. Ela teme ser desidratada caso Alckmin comece a crescer.
Alvaro Dias evoca Moro
Desconhecido, Alvaro Dias (Podemos) tentava falar o nome de Sergio Moro sempre que podia. Em um debate monótono e pulverizado, o senador paranaense buscou se escorar em uma figura popular. Repetia que já convidou o juiz para ser ministro da Justiça.
Daciolo sai em vantagem
O perfil pitoresco de Cabo Daciolo (Patriota) fez com que ele fosse o único beneficiário incontestável do evento. O ex-bombeiro se tornou mais conhecido, podendo atrair um voto de protesto, e, de quebra, ainda serviu para formar dobradinha com Jair Bolsonaro e atacar a política tradicional.
Boulos surge como Lula de 89
Guilherme Boulos (PSOL) foi comparado ao Lula da campanha de 1989 com sua defesa enfática de trabalhadores e ataques ao sistema financeiro. A diferença é que Lula se acotovelava apenas com Leonel Brizola naquela eleição para chegar ao segundo turno. Boulos terá mais desafios.
Meirelles nem de escada serve
Com um discurso ainda escorregadio e pouco convincente, Henrique Meirelles (MDB) saiu apagado do debate. O exministro da Fazenda teria ganhado alguma exposição se fosse usado como escada pelos adversários para ataques ao presidente Michel Temer, mas nem isso ocorreu.