Folha de S.Paulo

Ciro defende revogar teto de gastos para melhorar a educação

- Isabel Fleck

O candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes, defendeu nesta sexta (10) a revogação da emenda que estabelece­u um teto para os gastos públicos nos próximo 20 anos como uma de suas principais propostas para a educação.

No evento Diálogos Educação Já, promovido pelo movimento Todos pela Educação em parceria com a Folha, Ciro disse que o teto de gastos “impede a expansão do ensino infantil, do ensino médio e, muito mais gravemente, impede a evolução para o tempo integral”, que, segundo ele, é “uma necessidad­e inadiável”.

“Eu vou chegar propondo a revogação da emenda 95”, disse, acrescenta­ndo que isso desagradar­á ao “baronato financeiro brasileiro”.

Segundo o candidato, a educação só será uma prioridade no país se “guardar coerência entre a retórica, o orçamento e o nível de tensão política que o governante provoca ao redor do assunto”.

Ciro, inclusive, reclamou quando foi orientado pelos mediadores a se concentrar nas propostas para a educação.

“O Brasil precisa sair desse debate fragmentár­io, em que os sanitarist­as discutem saúde, os pedagogos discutem educação, os homens do mercado discutem taxa de câmbio. Tudo isso, de alguma forma, está imbricado”, disse.

De acordo com Ciro, o Brasil “tem muito dinheiro” e não precisa de uma política que limite os gastos públicos por duas décadas, já que o problema está no “conflito distributi­vo”.

“O Brasil tem milhões de garotos emergindo a um ensino médio que é um desastre, e eu quero fazer esse ensino médio se qualificar e virar tempo integral, profission­alizante. Isso se faz com recursos”, disse.

Ex-governador do Ceará (1991-1994), Ciro mencionou várias vezes o exemplo do estado e da cidade de Sobral, que tem a escola de ensino fundamenta­l com melhor colocação no Ideb (Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica). Cid Gomes, seu irmão, foi prefeito de Sobral e esteve mais recentemen­te à frente do governo do Ceará (2007-2015).

Segundo ele, a evasão da escola de tempo integral no Ceará “se aproxima de zero”. “A meninada fica o dia inteiro e não quer mais ir embora.”

Candidato diz ser um ‘doce de coco’, mas que sabe brigar

Questionad­o por jornalista­s sobre seu desempenho no debate da véspera, no qual ele manteve um tom mais brando que outros candidatos, como o Cabo Daciolo (Patriotas) e Jair Bolsonaro (PSL), Ciro disse que é preciso ser “muito delicado” com o povo brasileiro neste momento de crise e negou o temperamen­to explosivo.

“Esse monstro que criaram ao meu redor, da minha imagem, não guarda a menor coerência com a minha vida. Sou um doce de coco, pode acreditar nisso. Mas eu sei brigar.”

O ex-governador do Ceará afirmou que vai procurar ser “respeitoso e cuidadoso” nos próximos debates.

“Ontem eu consegui ser duro, em certos momentos, sem levantar a voz, sem ser grosseiro, porque não precisa ser.”

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