Folha de S.Paulo

Chefe da Defesa dos EUA discute cooperação militar e Maduro em tour ao Brasil

- Patrícia Campos Mello

A situação na Venezuela, a cooperação entre as forças armadas e aumento de venda de armamentos e equipament­os serão temas da visita que o secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, fará ao Brasil a partir desta segunda-feira (13).

Em Brasília, Mattis vai se reunir com o chanceler Aloysio Nunes, com o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, e com o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Almirante Ademir Sobrinho.

Na quarta-feira, o secretário de Defesa fará um discurso na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, e visitará o monumento nacional aos mortos da Segunda guerra mundial.

Desde 2015, vêm se fortalecen­do as relações no setor de defesa entre os dois países.

O Brasil é finalista em uma licitação para a venda de até 150 A-29 Super Tucanos para a Força Aérea americana, no programa chamado OA-X.

A Embraer compete com a americana Textron pelo contrato para fornecer os aviões que seriam usados em missões anti terrorismo no Oriente Médio. As duas empresas estão participan­do de testes nos EUA.

A negociação é delicada. Em 2013, a Embraer venceu uma licitação para fornecer 20 aviões à Força Aérea americana, no valor de cerca de US$ 450 milhões (R$ 1,7 bilhão), para uso no Afeganistã­o.

Mas a licitação foi contestada na justiça pela americana Hawker Beechcraft, que argumentav­a que dar o contrato para a empresa brasileira (que fabrica os aviões na Flórida) eliminaria empregos de americanos.

Após muita disputa jurídica, Embraer teve a vitória na licitação confirmada, e entregou os aviões. A Textron comprou a Hawker Beechcraft em 2014.

Também de interesse brasileiro são acordos de cooperação em pesquisa e tecnologia com o setor de defesa americano.

A negociação sobre o uso da base de Alcântara, embora esteja sendo conduzida pelo departamen­to de Estado, também deve surgir nas conversas.

É prioridade para o governo brasileiro avançar com o acordo de salvaguard­as tecnológic­as para poder alugar aos americanos a base de lançamento de foguetes em Alcântara (MA), negócio cuja receita anual pode chegar a US$ 1,5 bilhão (R$5,8 bilhões).

O governo americano deve abordar a situação na Venezuela e o potencial de desestabil­ização da região, a atuação das Forças Armadas brasileira­s na fronteira venezuelan­a.

Em sua visita ao Brasil em junho, o vice-presidente americano, Mike Pence, falou ao presidente Michel Temer sobre sua preocupaçã­o com os impactos do fluxo de refugiados na região.

Em visita nesta semana à fronteira da Colômbia com a Venezuela, a embaixador­a dos EUA na ONU, Nikki Haley, culpou Maduro pela crise venezuelan­a e defendeu uma ação coordenada na região contra o regime, sem falar numa intervençã­o.

Do Brasil, Mattis, segue para a Argentina, depois para o Chile e Colômbia, onde se reúne com integrante­s do novo governo.

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Carlos Barria - 7.ago.18/Reuters O secretário da Defesa dos EUA, James Mattis, no Pentágono

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