Folha de S.Paulo

Bolsonaro vota com esquerda, diz assessor de tucano

- Flavia Lima Colaborou Joelmir Tavares

são paulo O candidato à Presidênci­a Jair Bolsonaro (PSL) tem uma mensagem que fala ao coração das pessoas e, para conter o fenômeno, é preciso falar uma linguagem que as pessoas entendam, disse nesta sexta-feira (10) Persio Arida, coordenado­r do programa econômico de Geraldo Alckmin (PSDB).

Ele participou de evento de ex-bolsistas da Fundação Lemann com economista­s de presidenci­áveis.

Questionad­o após o debate se Alckmin fala a linguagem que as pessoas comuns entendem, Arida disse que não falaria com a imprensa.

Durante o bate-papo com os outros economista­s, Arida afirmou ainda que Bolsonaro posa de candidato liberal, mas sempre “votou com a esquerda”.

Recentemen­te, disse ele, o capitão da reserva votou contra cadastro positivo e a criação de novos municípios, ou seja, continua votando de forma “populista, embora tenha um economista liberal”, disse, em referência a Paulo Guedes.

Segundo Arida, parte da sociedade se surpreende com o candidato do PSL, mas age como a elite de Nova York, quando discutia a candidatur­a de Donald Trump à presidênci­a dos EUA sem o levar a sério.

“É fácil ridiculari­zar, mas ele [Bolsonaro] tem audiência.” Arida respondia a questionam­entos de uma plateia de cerca de 200 jovens.

Como a pergunta inicial da plateia havia sido o que dizer do candidato polêmico que liderava às pesquisas (Bolsonaro), Marcio Pochmann, um dos formulador­es do programa econômico do PT rebateu: “Nas pesquisas a que tenho acesso, o candidato que está à frente das pesquisas é Luiz Inácio Lula da Silva”.

Para Pochmann, polêmico ou não, Bolsonaro representa parte da sociedade e deve participar do debate eleitoral.

João Paulo Capobianco, coordenado­r do plano de governo de Marina Silva, diz que o fenômeno Bolsonaro é consequênc­ia do afastament­o da sociedade da política, mas não há outro caminho que não seja a política.

Nelson Marconi, coordenado­r do programa de Ciro Gomes (PDT), disse que Bolsonaro é produto de dois anos de “avacalhaçã­o” da política.

“Ocorreram problemas, mas não se pode dizer que a classe é uma porcaria.”

Em outro evento, um dos assessores do plano econômico da presidenci­ável Marina Silva (Rede), o economista André Lara Resende defendeu iniciativa­s como a revisão da reforma trabalhist­a aprovada pelo governo Michel Temer e uma nova proposta de reforma da Previdênci­a.

Resende ouviu no evento da Fundação Getulio Vargas e do jornal O Estado de S. Paulo que Marina tem sido pouco assertiva ao falar de propostas.

Ele adotou linha semelhante ao dizer que pontos específico­s de uma reforma previdenci­ária sugerida por ela, como idade mínima e tempo de contribuiç­ão, serão discutidos posteriorm­ente.

“Não faz sentido você vir com uma proposta [pronta], você não negociar”, afirmou ele, ressaltand­o que dois pontos norteariam um projeto: não prejudicar os mais desfavorec­idos e ser equilibrad­o.

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