Folha de S.Paulo

Ainda sob reflexo da greve de maio, varejo sofre retração de 0,3% em junho

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são paulo As vendas no varejo surpreende­ram em junho ao encolherem pelo segundo mês seguido, ainda como reflexo da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, que causou forte desabastec­imento e afetou a confiança dos agentes econômicos sobre o desempenho da economia neste ano.

A queda foi de 0,3% em junho ante o mês anterior, informou o IBGE nesta sexta (10). Foi o pior desempenho para junho desde 2015.

Na comparação com o mesmo mês de 2017, o setor subiu 1,5%, resultado também pior que o esperado. A expectativ­a em pesquisa da Reuters era uma alta de 0,2% na comparação mensal e de avanço de 2,4% sobre um ano antes.

O cenário ficou ainda mais sombrio porque o IBGE revisou, e para muito pior, o desempenho das vendas em maio —que passaram de contração de 0,6% para queda de 1,2% sobre o mês anterior.

“A série ajustada não conhecia o evento paralisaçã­o dos caminhonei­ros. É natural haver revisão mais acentuada”, afirmou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.

“A entrada de junho transforma o dado de maio após melhor interpreta­ção de dados novos”, acrescento­u.

Maio foi marcado por desabastec­imento em todo o país devido ao protesto dos caminhonei­ros no final do mês, que abalou ainda mais a confiança tanto do empresaria­do quanto dos consumidor­es, que já estava estremecid­a pelas incertezas sobre a eleição presidenci­al.

Segundo o IBGE, apesar da variação negativa, houve cresciment­o em cinco das oito atividades pesquisada­s. A pressão negativa se deu nos segmentos de hipermerca­dos, supermerca­dos, produtos alimentíci­os, bebidas e fumo (-3,5%), interrompe­ndo dois meses de taxas positivas, e no de combustíve­is e lubrifican­tes (-1,9%).

As vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, subiram 2,5% em junho sobre maio. As vendas de veículos e motos, partes e peças saltaram 16%, enquanto as de material de construção subiram 11,6%.

Os sinais para o varejo continuam fracos. Em julho, segundo a Fundação Getulio Vargas, a confiança do comércio caiu pela quarta vez seguida.

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