Delegado cobra apuração de vereador após críticas à PF no caso da UFSC
são paulo A Associação de Delegados da Polícia Federal pediu a abertura de investigação contra um vereador de Niterói (RJ) por causa de críticas feitas por ele à operação da PF que apurou supostos desvios de verba na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
O pedido ocorreu por meio de ofício enviado pelo presidente da ADPF, Edvandir Felix de Paiva, à Câmara Municipal. Ele alega suposta falta de decoro do vereador Sandro Mauro Lima de Araújo (PPS) — que é agente da PF, crítico frequente da atuação dos delegados e que usou rede social para criticar a operação Ouvidos Moucos.
A ADPF também protocolou uma representação da mesma natureza na corregedoria da Polícia Federal. Araújo será candidato ao cargo de deputado federal.
A Ouvidos Moucos foi deflagrada no final de 2017 citando um esquema milionário de desvio de verbas de bolsas de estudo na UFSC.
Em setembro, a PF prendeu o reitor, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, e outros seis professores. No mês seguinte, Cancellier se jogou do 7º andar de um shopping em Florianópolis. A investigação não conseguiu provar que Cancellier tivesse se beneficiado.
O documento enviado pela ADPF à Câmara diz que Sandro Araújo publicou “críticas levianas, ofensivas e desarrazoadas”.
O vereador publicou suas opiniões em grupo no Facebook. “Minha prece hoje é por Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da UFSC que tirou a própria vida após ser preso de forma injusta, arbitrária e equivocada pela Polícia Federal”, escreveu.
No mês passado, a Folha revelou a abertura de inquérito para investigar o chefe de gabinete da reitoria da UFSC, acusado de ofender a honra da delegada responsável pela prisão do reitor. Outro professor foi chamado a dar explicações na PF após criticar a Ouvidos Moucos durante uma colação de grau.
O vereador Sandro Araujo disse que o ofício visa intimidá-lo. O presidente da ADPF, Edvandir Paiva, diz que Araújo extrapolou a função como vereador.