Folha de S.Paulo

Diretora da Pantone diz como usar nos ambientes a cor ultraviole­ta, que rege 2018

Diretora da Pantone no Brasil sugere combinar o roxo com tons desmaiados ou criar contrastes vibrantes

- Iara Biderman Sérgio de Divitiis/Divulgação Fotos Divulgação

A cor terá um espaço especial na ABCasa, feira de artigos para casa e decoração, exclusiva para profission­ais do ramo, que começa dia 17 no Expo Center, em São Paulo.

Em um espaço montado no centro de exposições, a Pantone, empresa americana que cataloga cores e é referência mundial para o uso de tons pela indústria, fará demonstraç­ões de seus produtos e exibirá filmes e painéis sobre a aplicação da cor na decoração e as principais tendências mundiais.

Entre elas, o destaque é o tom ultraviole­ta, eleita a cor do ano pela marca. O roxo escuro de 2018 será tema de uma palestra de Blanca Lliahnne no dia 19, às 15h. Diretora-executiva da Lexus, distribuid­ora da Pantone no Brasil, Blanca também falará sobre tendências de design para o próximo ano, no dia 17, às 15h.

A especialis­ta explica como e por que uma cor é escolhida para brilhar na temporada e as formas de usar o tom.

O que significa a cor do ano?

Ultraviole­ta, a cor de 2018, tem um significad­o espiritual e um aspecto de rebeldia. O primeiro está ligado, por exemplo, a estudos de Leonardo da Vinci, que usava vitrais roxos para criar um ambiente mais propício à reflexão, à meditação.

O segundo aspecto está ligado à contracult­ura. Artistas como Prince, David Bowie e Jimmy Hendrix usavam muito essa cor que ninguém ousava experiment­ar. O símbolo que Prince, autor de “Purple Rain”, desenhou para substituir seu nome por um símbolo foi colorido de roxo no Pantone Color Institute.

Por que essas referência­s em 2018?

Há um cenário de in- certezas no mundo, levando as pessoas a buscar conforto na espiritual­idade. E também há uma necessidad­e de se diferencia­r, de ser inovador. Estamos falando de macrotendê­ncias, não é a Pantone que está dizendo isso, é o mundo.

E como essas percepções se transforma­m em cor?

A escolha da cor do ano é uma gestação e um parto, leva quase um ano. Tudo começa com a definição das pessoas que farão parte da escolha. O grupo é secreto e pode incluir gente da indústria, das artes, das ciências exatas e humanas.

Eles passam uma semana em algum lugar bacana do mundo discutindo suas ideias e depois têm alguns meses para observar o que está acontecend­o na sociedade e fazer suas apostas. Essas apostas são levadas para um grupo menor, e daí sai a cor vencedora. Não é uma cor feita para vender: estudos para cores mais comerciais são produzidos dois anos antes, para a indústria poder usar.

Mas, logo depois de lançada, a cor do ano não é oferecida em produtos de moda e decoração para o consumidor final?

Aconteceu um fenômeno. A cor do ano surgiu na virada do milênio, de 1999 para 2000, mas até 2012 ninguém ligava muito para ela. Até que, naquele ano, foi lançada a “tangerine tango”, tom que se tornou um sucesso de vendas. Dali em diante todos quiseram seguir a fórmula de sucesso.

Já há muitos produtos ultraviole­ta?

Parceiros da Pantone já oferecem produtos nesta cor. E há também uma linha própria, a coleção Pantone Living. Objetos como sacolas, cadernetas ou guarda-chuvas estarão no lounge da Pantone na ABCasa. Além disso, os fabricante­s já colocaram produtos na cor ultraviole­ta no mercado da decoração.

A cor deste ano é difícil de usar?

No Brasil, não há histórico do uso dos tons de roxo na moda e na decoração, mas é o que torna a cor especial, identifica­da com o luxo, a sofisticaç­ão. O ultraviole­ta não é enjoativo, porque mistura o vermelho com o azulmarinh­o, um tom considerad­o básico.

Que combinaçõe­s ficam bem na decoração?

O ultraviole­ta pode ser usado com uma gama de violetas e lilases quebrada por cinza e bege. Quem quiser realçar as notas vermelhas que compõem este roxo pode usar o azul-marinho. E, para um efeito mais ousado, combinar com tons mais vibrantes, como azul-turquesa ou amarelo-cítrico.

O instituto Pantone criou oito paletas harmonizan­do o ultraviole­ta com diferentes cores que já estão no mercado. Na palestra do dia 19, mostraremo­s painéis com essas paletas e harmonias. São sugestões, mas não quero simplifica­r, criando limites de uso de cores. O mais divertido é lembrar que o violeta é a sétima cor do arco-íris e brincar com diferentes combinaçõe­s.

Alguma sugestão para quem quer começar a experiment­ar o ultraviole­ta em casa?

Uma ideia simples é comprar uma lâmpada de luz violeta (pode ser uma lâmpada de cromoterap­ia) e observar os efeitos no ambiente. Se a pessoa gostar, sugiro usar o ultraviole­ta para destacar o objeto mais luxuoso ou inovador de cada espaço. É para chamar a atenção mesmo.

Em ambientes muito clássicos e neutros, minha sugestão é mesclar com outros objetos em tons da família dos lilases e roxos. Não dá para colocar apenas uma almofada ultraviole­ta em uma sala toda cinza, fica estranho. Já em casas bem coloridas, o roxo pode ser usado na mesma proporção das outras cores fortes que compõem a decoração.

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 ??  ?? 1 Sala projetada pela arquiteta Neza César, com parede ultraviole­ta2 Jogo com 9 peças de utensílios para a cozinha feitos de silicone, da Chef Craft3 Chaleira de ferro fundido da Primula, com capacidade de um litro, inspirada em elementos japoneses4 Pufe de couro daIkram Design, medindo50 X 33 cm, feito à mão
1 Sala projetada pela arquiteta Neza César, com parede ultraviole­ta2 Jogo com 9 peças de utensílios para a cozinha feitos de silicone, da Chef Craft3 Chaleira de ferro fundido da Primula, com capacidade de um litro, inspirada em elementos japoneses4 Pufe de couro daIkram Design, medindo50 X 33 cm, feito à mão
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 ??  ?? Blanca Lliahnne, 58É diretora-executiva do Lexus Group e representa­nte da Pantone no Brasil desde 1994. Bacharel em administra­ção pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e especializ­ada em marketing de moda, trabalha com cores e tendências desde 1980
Blanca Lliahnne, 58É diretora-executiva do Lexus Group e representa­nte da Pantone no Brasil desde 1994. Bacharel em administra­ção pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) e especializ­ada em marketing de moda, trabalha com cores e tendências desde 1980

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