Folha de S.Paulo

PPP da luz, de Haddad e Doria, traz prejuízo a SP, diz auditoria

Relatório da Controlado­ria-Geral do Município diz que prefeitura de SP não adotou contrato mais vantajoso

- -Mario Cesar Carvalho e Joana Cunha

Contrato de R$ 7,2 bilhões gestado na administra­ção Fernando Haddad (PT) e finalizado na de João Doria (PSDB) é alvo da Controlado­ria-Geral do Município. Em auditoria, até o formato de parceria público-privada é criticado. Haddad culpa o sucessor. Doria não se manifestou.

A Prefeitura de São Paulo não conseguiu provar que uma PPP (parceria público-privada) de R$ 7,2 bilhões era mais vantajosa do que uma concorrênc­ia tradiciona­l.

Uma mudança nas regras da disputa espantou competidor­es por decisões da administra­ção municipal. Há ainda falhas na avaliação de preços que podem causar prejuízo de R$ 591 milhões.

Esses apontament­os fazem parte de uma auditoria da Controlado­ria-Geral do Município sobre a PPP da Iluminação Pública, o maior negócio do mundo no gênero.

Na parceria, a prefeitura pagará a quantia bilionária por 20 anos para que a iluminação da cidade, com 605 mil lâmpadas, seja substituíd­a por LED, mais eficientes e econômicas.

A PPP da luz não teve concorrênc­ia. Só um consórcio, formado pelas empresas FM Rodrigues e Consladel, acabou habilitado na fase final.

Em março, a Justiça suspendeu a parceria após o surgimento de suspeitas de que a FM Rodrigues pagava propina a Denise Abreu, diretora do Ilume (departamen­to da iluminação pública).

APPPfoipro­postaem201­5 pelo então prefeito Fernando Haddad (PT) e finalizada sem grandes mudanças na gestão de João Doria (PSDB).

Haddad é o vice de Luiz Inácio Lula da Silva na chapa petista que será inscrita para disputar a Presidênci­a. Doria é o candidato tucano ao governo.

Em documento de 82 páginas, o controlado­r Gustavo Ungaro diz que nem o formato adotado, a PPP, teve vantagem comprovada. PPP é uma parceria com empresas privadas em troca de benefícios públicos —no caso, a modernizaç­ão da iluminação.

Diferentem­ente da licitação, na PPP é criada uma empresa privada para fazer a gestão.

“Falta um estudo detalhado demonstran­do que o custo-benefício da PPP é melhor do que o custo-benefício da contrataçã­o tradiciona­l”, diz o texto da auditoria.

Ungaro cita um estudo que concluiu que a PPP tem desvantage­ns financeira­s quando comparada a uma licitação. A prefeitura economizar­ia pouco mais de R$ 1 bilhão com concorrênc­ia tradiciona­l.

“Foi demonstrad­a a desvan- tagem econômico-financeira da opção pela PPP, sendo que a Ilume não apresentou contra-argumentos objetivos e convincent­es”, escreve.

A prefeitura dispunha de dois instrument­os para ajudar as empresas a conseguir financiame­nto mais barato e abriu mão deles, diz o documento.

Um era o oferecimen­to de garantias ao contrato; o outro, o uso de uma conta que a prefeitura mantém com os recursos que são pagos pelo contribuin­te para o custeio da iluminação.

O consumidor residencia­l paga R$ 8,19 para um fundo que tem um valor acumulado de R$ 500 milhões e recebe R$ 46 milhões por mês, segundo o TCM (Tribunal de Contas do Município).

Esse fundo poderia ser oferecido a bancos para que as empresas da PPP conseguiss­em taxa de juros mais barata e pudessem oferecer um preço mais baixo à prefeitura.

O plano de negócios elaborado também era frágil, na avaliação da controlado­ria.

Houve falhas na estimativa dos custos das luminárias “por desconside­rarem aspectos técnicos relevantes e não adotarem os valores mais vantajosos como referência”.

Foi por causa dessas omissões que o auditor indica que, se cumprido à risca, o contrato trará o prejuízo milionário.

A auditoria diz ainda que a prefeitura eliminou um consórcio da disputa sem que houvesse uma decisão final da Justiça, colocando “o interesse privado acima do interesse público”.

O consórcio Walks foi desclassif­icado na gestão Doria porque uma das empresas que participav­a do grupo, a Quaatro, é a controlado­ra da Alumini, declarada inidônea pela CGU (Controlado­ria-Geral da União) por suborno.

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Marcos Monte (27), Renata Pascoal (21), André Veríssimo (21), Lucas Richard (19) e Diego Guedes (25) participar­am do programa O M
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