Folha de S.Paulo

Bolsonaro acena para empresário­s e Flávio Rocha

Candidato tomou café com 62 representa­ntes do PIB na sexta e cogitou indicar ex-adversário como ministro da Indústria

- Igor Gielow

Em encontro na sexta (10) com 65 empresário­s em São Paulo, articulado por Meyer Nigri, da construtor­a Tecnisa, Jair Bolsonaro (PSL) pediu apoio e sugeriu Flávio Rocha como ministro. Presente, o ex-presidenci­ável ligado ao MBL apenas sorriu.

SÃO PAULO O candidato a presidente Jair Bolsonaro iniciou uma ofensiva de busca por apoio entre o PIB brasileiro em café da manhã conduzido de forma quase secreta com 62 empresário­s paulistas, na sexta-feira (10).

No evento, cogitou nomear o ex-controlado­r da Riachuelo, Flávio Rocha, para ministro do Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio. “Por que não?”, afirmou, aplaudido pelos presentes. Em tom de brincadeir­a, também disse que Rocha seria seu “vice-presidente de honra”.

Rocha estava sentado ao seu lado, envergando uma camisa cinza e um terno escuro, e sorriu bastante —mas não declarou voto no deputado.

Ele foi pré-candidato a presidente pelo PRB e conta com o apoio do MBL (Movimento Brasil Livre), rede de direita com forte presença na internet. Acabou rifado pelo partido, que optou por Geraldo Alckmin (PSDB) na corrida presidenci­al.

Rocha foi incentivad­o a ir para o café pelo controlado­r da construtor­a Tecnisa, Meyer Nigri, que é apoiador de primeira hora de Bolsonaro.

O deputado do PSL-RJ discurso por 55 minutos a partir das 9h15, no apartament­o de um aliado numa zona nobre de São Paulo. Depois, respondeu a perguntas por tempo semelhante.

“Eu estava em dúvida entre Alvaro Dias [Podemos] e o Bolsonaro. Agora tenho certeza que sou Bolsonaro”, disse o dono da rede de lojas de artigos esportivos Centauro, Sebastião Bomfim.

A maioria dos presentes não permitiu que seu nome fosse divulgado, até porque basicament­e estavam sondando terreno com o atual líder das pesquisas eleitorais nos cenários sem a presença de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Há um temor de ser identifica­do com Bolsonaro, figura polêmica devido a seus arroubos retóricos.

Na plateia, havia presidente de empresa aérea, dono de uma das maiores tecelagens do país, controlado­r de rede de serviços estéticos, atacadista­s, varejistas.

“O empresaria­do tem de sair da moita. Ninguém lá compra ou vende para o governo”, disse Bomfim, que foi coordenado­r da pré-campanha de Rocha e um dos maiores apoiadores do candidato a governador paulista João Doria quando ele disputou a prefeitura paulistana pelo PSDB, em 2016.

Nenhum dos presentes se mostrou preocupado com as acusações de racismo, homofobia, misoginia e a apologia ao regime militar associadas a Bolsonaro.

“O que mais impression­ou foi quando perguntamo­s como poderíamos ajudar com a campanha”, relatou Bomfim. “Ele disse: Não quero doação, se vocês puderem gastar sola de sapato para divulgar meu nome, ótimo. Eu nunca vi isso candidato não pedir dinheiro.”

Representa­ndo a fabricante de móveis Artefacto, Bráulio Bacchi foi na mesma linha. “É meu candidato. Em quase 40 anos em financeiro de empresas nunca vi um candidato não pedir dinheiro”. Segundo ele, Bolsonaro transmitiu a ideia de que “os melhores estarão nos melhores lugares”. “Está na hora de o Brasil ter empresário­s cuidando das coisas”, afirmou.

Em outro momento, os presentes questionar­am a escolha do não menos polêmico general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) para a vice do deputado.

O candidato confirmou o que vem circulando em forma de memes por seus apoiadores em redes sociais: Mourão é uma vacina contra eventual pedido de impeachmen­t contra Bolsonaro, já que a classe política não gostaria de ver um general defensor de intervençã­o militar no poder.

Para outro presente, o empresário Fábio Wajngarten, que aconselha a comunicaçã­o digital do deputado, Bolsonaro se colocou como um “candidato dos tempos da internet, em que valores precisam ser reais, sem marketing”.

Outros aliados de Bolsonaro estavam presentes ao encontro, como o general da reserva Augusto Heleno e o presidente da União Democrátic­a Ruralista, Luiz Antonio Nabhan Garcia. O seu guru econômico, Paulo Guedes, teve de faltar devido a problemas familiares.

O evento ocorreu na manhã seguinte ao primeiro debate do qual Bolsonaro participou na vida como candidato a um cargo executivo, na Rede Bandeirant­es.

Ele se disse feliz com o desempenho.

“[Bolsonaro] É meu candidato. Em quase 40 anos em financeiro de empresas nunca vi um candidato não pedir dinheiro. [...] Está na hora de o Brasil ter empresário­s cuidando das coisas Bráulio Bacchi Representa­nte da Artefacto

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil