Morre aos 72 jornalista Claudio Weber Abramo
Fundador da Transparência Brasil, era especialista em combate à corrupção
Pioneiro do jornalismo de dados no país, especialista em combate à corrupção e cofundador da Transparência Brasil, Abramo lutava contra o câncer.
Um dos maiores especialistas em combate à corrupção do país, o jornalista paulistano Claudio Weber Abramo morreu na noite deste domingo (12) aos 72 anos em São Paulo.
Internado no Hospital Samaritano, ele não resistiu a complicações do tratamento de um câncer no intestino.
Formado em matemática pela USP, mestre em lógica e filosofia da ciência pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Abramo cofundou em 2000 e comandou por quase 15 anos a Transparência Brasil.
Entre os projetos da organização, o Excelências, banco de dados sobre o histórico da vida pública de parlamentares, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 2006.
Abramo foi pioneiro no jornalismo de dados com o projeto Às Claras, plataforma que organizava e disponibilizava gastos das eleições.
Sua atuação foi fundamental para a aprovação da Lei de Acesso à Informação, com a pressão feita pela Transparência Brasil e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) para que o projeto fosse sancionado.
Com espírito crítico e questionador incansável, instigava jornalistas a perseguirem informações sem se conformarem com as burocracias impostas pelo poder público.
Mesmo tratando o câncer, Abramo se manteve em atividade. Em artigo publicado pela Folha no dia 20 de julho, tratou dos riscos de a lei de proteção de dados pessoais dificultar o acesso à informação.
O jornalista foi editor de economia da Folha (1987) e secretário-executivo de Redação da Gazeta Mercantil (1987-88). Contribuiu com outras publicações como o jornal Valor Econômico.
Em 2017, cofundou a Dados. Org, organização dedicada à coleta, organização e disseminação de informações provenientes do poder público.
Abramo era filho de Claudio Abramo, um dos mais importantes jornalistas de sua geração, que dirigiu a Redação da Folha e do Estado de S.Paulo.
Sua mãe, Hilde Weber, foi a primeira chargista mulher da imprensa brasileira, cuja obra o filho vinha trabalhando para organizar em um acervo com acesso do público.
Daniel Bramatti, presidente da Abraji, lamentou a morte do veterano. “Perdemos um batalhador pelas melhores causas e um amigo do bom jornalismo. Claudio Weber Abramo será sempre uma inspiração para quem luta pela democracia, pela transparência e pela aplicação correta dos recursos públicos. Na Abraji, as bandeiras que ele defendeu continuam erguidas”, afirmou Bramatti.
O jornalista Juca Kfouri escreveu que “Abramo foi das criaturas mais inteligentes” que conheceu. “O país não sabe calcular o tamanho da perda. Porque nunca fez questão de ser reconhecido.”
Abramo deixa quatro filhos, Luis Raul e João Baptista, do casamento com Sílvia Pompeia, Lucas e Caio, do casamento com Maria Augusta Fonseca, e a enteada Isabel, do casamento com Cristina Penz.
Tinha seis netos, Tomás Antônio, João Pedro, Guilherme, Manuela, Maria Luísa e Mariana.
Abramo será velado na Funeral House, na rua São Carlos do Pinhal, 376, e cremado no cemitério Horto da Paz, em Itapecerica (SP), nesta segunda-feira (13).