Folha de S.Paulo

Apesar de disputa entre Ciro e Temer, MDB e PDT são aliados em 7 estados

Presidenci­ável chamou partido do presidente de quadrilha que precisa ser destruída; palanques regionais, porém, ignoram rixa

- Gustavo Uribe

O discurso do candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, de que o MDB “é uma quadrilha” e que “precisa ser destruído” não tem se reproduzid­o nos estados. A sigla está em sete estados na mesma coligação da legenda do presidente Michel Temer. Em dois, o PDT apoia candidatos a governador do MDB.

Publicamen­te, Ciro tem descartado, caso seja eleito presidente, governar com o MDB e, em carta recente, referiuse ao partido como inimigo da pátria e traidor da nação.

“O MDB está no poder, destruiu o projeto do PT e do PSDB e precisa ser destruído desta feita. Sempre lembrando que destruir aqui é pelo mecanismo democrátic­o, que é simples: basta cortar a torneira da roubalheir­a que eles entram em extinção”, disse em junho.

Uma das alianças é no Paraná. Após a desistênci­a da candidatur­a do ex-senador Osmar Dias ao governo, o PDT decidiu apoiar o deputado federal João Arruda (MDB).

Em Alagoas, o partido de Ciro fará campanha pela reeleição do governador Renan Filho, filho de Renan Calheiros (MDB-AL), que tentará reeleger-se ao Senado.

O MDB retribuirá os apoios do PDT no Amapá, onde dará respaldo à reeleição do governador Waldez Góes, e no Rio Grande do Norte, onde se aliou ao ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo, que terá em sua chapa ao governo a candidatur­a do senador Garibaldi Alves (MDB-RN) a mais um mandato parlamenta­r.

“O apoio do MDB tem sido fundamenta­l para a candidatur­a de Carlos Eduardo. O discurso dele é oposto ao de Ciro. Então, neste caso, prefiro ficar com a palavra dele”, disse o presidente do MDB-RN, Walter Alves.

As duas siglas estarão ainda na mesma coligação, apoiando candidatos de outros partidos, em Minas Gerais, Mato Grosso e Piauí. Elas endossarão as candidatur­as, respectiva­mente, de Márcio Lacerda (PSB), Mauro Mendes (DEM) e Wellington Dias (PT).

O vice-presidente nacional do PDT, André Figueiredo, discorda que as alianças estaduais com o MDB represente­m uma incoerênci­a. Ele atribui os acordos às peculiarid­ades dos cenários regionais.

Segundo ele, em Alagoas, a sigla teve de escolher entre apoiar Fernando Collor (PTC) e Renan Filho, optando pelo governador, cujo pai é crítico ao atual governo federal.

No Paraná, de acordo com ele, a sigla fechou aliança com o MDB pela presença na chapa do senador Roberto Requião, que é também uma voz dissonante em relação a Temer.

Sobre os apoios do MDB a candidatos do PDT, ele afirma que “apoio não se recusa”. “Como dizia Leonel Brizola, na carroceria cabe todo mundo. Você mantém seus princípios e cabe às forças aliadas apoiarem o seu projeto”, afirmou.

Apesar da retórica, assim como o PDT, o PT estará junto com o MDB em alguns estados. Mesmo sendo um dos principais articulado­res do impeachmen­t de Dilma Rousseff, o partido de Temer dividirá o palanque com o PT em quatro unidades da federação.

As alianças foram firmadas no Nordeste, principal redu-

to eleitoral petista em disputas presidenci­ais. O PT apoiará, assim como o PDT, a reeleição de Renan Filho. No Piauí, o MDB endossar a candidatur­a de Wellington Dias.

As duas siglas estarão na mesma coligação, apoiando candidatos de outros partidos, em Pernambuco e Sergipe. No primeiro, farão campanha pela reeleição de Paulo Câmara (PSB) e, no segundo, darão suporte à candidatur­a de Belivaldo Chagas (PSD).

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Thais Bilenky/Folhapress Ciro e a mulher, Giselle Bezerra, Renilda e a filha, Tabata Amaral

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