Folha de S.Paulo

Esvaziado, ato racista em Washington termina sem confrontos

- Júlia Zaremba

washington O protesto realizado neste domingo (12) por ativistas de extrema direita em Washington reuniu pouco mais de 20 pessoas — bem abaixo das cerca de 400 esperadas pela organizaçã­o— e terminou sem confrontos.

O evento Unir a Direita 2 ocorreu no aniversári­o de um ano da primeira manifestaç­ão, em Charlottes­ville. Na ocasião, uma ativista antirracis­ta, Heather Heyer, de 32 anos, foi atropelada e morta por um neonazista.

Os protagonis­tas deste domingo acabaram sendo movimentos antirracis­tas, como o Black Lives Matter (vidas negras importam) e o Black Leaders Organizing for Change (líderes negros organizado­s para mudança), que atraíram milhares de manifestan­tes ao parque Lafayette, em frente à Casa Branca, e ruas do entorno.

Os grupos começaram a se reunir no início da tarde. Bradavam frases como “Eu amo ser negro!”, “Nós não vamos embora de jeito algum, a Ku Klux Klan que deve ir” e “O que fazemos? Ficamos de pé e reagimos”.

“Eu vim para promover e apoiar o amor e lutar contra os supremacis­tas brancos, o ódio, o racismo e a opressão”, afirmou a gerente de projetos Ivory Mahogany, 31, moradora de Washington.

Ela acredita que os extremista­s se sentem mais empoderado­s com o presidente americano, Donald Trump. “Já vivemos dias piores, mas a história se repete e temos que parar o que eles representa­m.”

Mel Gooden, 30, diz que eles não podem achar que é normal promover o ódio.

Os racistas, separados dos outros manifestan­tes por grades e um forte aparato policial, chegaram por volta das 15h30 (16h30 em Brasília) em meio a muitas vaias.

O estudante universitá­rio Dan, 19, que não quis revelar o sobrenome, chegou atrasado e não encontrou os colegas do Unir a Direita a tempo.

Em frente à estação de metrô Foggy Bottom, nos arredores da Universida­de George Washington, disse que se juntou ao grupo há cerca de um ano e que veio lutar por uma América mais branca e pela liberdade de expressão.

Apesar de defender esses valores, diz que não é um supremacis­ta, mas um separatist­a. Ele culpa os negros pela violência do país. “Quero ficar sozinho com pessoas da minha raça, quero espaço para aproveitar as minhas próprias pessoas.”

A programaçã­o no site oficial do Unir a Direita dizia que o ato duraria até as 19h30. Mas, às 17h (18h em Brasília), já não havia muita movimentaç­ão no entorno da Casa Branca. O tempo chuvoso não contribuiu para os planos.

No sábado (11), Trump afirmou condenar “todos os tipos de racismo e atos de violência”, sem criticar diretament­e os racistas.

“Os atos em Charlottes­ville um ano atrás resultaram em uma morte sem sentido e em divisão. Precisamos nos juntar como nação”, afirmou.

No ano passado, o presidente declarou que ambos os lados do protesto eram responsáve­is pela tragédia.

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Craig Hudson/Associated Press Policiais acompanham grupo de extrema direita em ato em Washington

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