Folha de S.Paulo

Nós negros também precisamos de heróis, afirma executiva

- Fontes: IBGE, Ethos, Dieese

Pertencent­e à classe AAA, Rachel Maia sabe que é a exceção. Aos 28 anos já ocupava um cargo de liderança, passando por marcas globais como 7 Eleven, Tiffany & Co., Novartis e Pandora.

Tirou um sabático e está escrevendo um livro sobre a sua trajetória, bastante incomum.

Caçula de sete irmãos, saiu do extremo sul de São Paulo para trilhar caminho pouco usual para mulheres negras.

“Sou uma executiva especializ­ada em experiênci­a de consumo. Muitas vezes, vi que o sapato era um pouco maior do que meu pé, mas sempre me preparei muito para os desafios”, diz ela, cuja inspiração é o pai que, de faxineiro, chegou a mecânico de voo da Vasp.

Ela estudou inglês fora e fez cursos de aperfeiçoa­mento em centros de excelência, como Harvard. Admite, porém, que não basta ter vontade.

Segundo pesquisa do Instituto Ethos, mulheres negras eram 0,04% do topo da carreira nas 500 maiores empresas em 2016. “Esse 0,04% era eu. Mudou? Não completame­nte”, diz Maia.

“Mas não posso ignorar que vejo interesse de outros presidente­s —brancos e geralmente homens. Mas isso não basta, não é ele quem contrata.”

Questionad­a se diversidad­e faz diferença, responde que o pensamento diverso, de gênero e raça, faz. Se ser negra já a impediu de algo? “Já evitei situações. Também preciso me fortalecer com os outros. Também preciso de heróis.”

55%

é o percentual de pretos e pardos na população

6%

é a participaç­ão de negros nos cargos de gerência

65%

dos salários de brancos com faculdade é quanto os negros em igual condição recebem em SP

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